Criadora dos “fatos alternativos”, conselheira de Trump inventa ataque terrorista na era Barack Obama

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Para quem acusou a imprensa de mentirosa durante a recente campanha presidencial norte-americana, o presidente Donald Trump é um espetáculo (sic) à parte. Como todo histriônico, Trump precisa de uma claque ao redor para aplaudir suas insanidades, muitas das quais embalam ordens executivas absurdas.

Depois de tornar-se alvo de galhofa generalizada por causa dos chamados “fatos alternativos” (alternative facts), Kellyanne Conway, uma das principais conselheiras do descontrolado Trump, citou durante entrevista um “massacre no Kentucky” que jamais ocorreu como uma das justificativas para o veto migratório decretado pelo novo dono do universo e que atinge imigrantes de sete países de maioria muçulmana.

À emissora MSNBC, na quinta-feira, Kellyanne afirmou que em 2011 o ex-presidente Barack Obama adotou medida similar contra refugiados iraquianos, o que também é inverdade, para defender o decreto assinado por Trump na última sexta-feira, 27 de janeiro.


“O presidente Obama instituiu um veto de seis meses ao programa de refugiados depois que dois iraquianos vieram ao país, se radicalizaram e foram os mentores por trás do massacre em Bowling Green. A maior parte das pessoas não sabe disso porque a mídia não deu atenção”, afirmou Kellyanne.

Movida pela mitomania, a conselheira referiu-se, sem saber como fazer, ao aumento no rigor das verificações de segurança adotado pelo governo americano em 2011, após a prisão de dois homens acusados de planejarem o envio de armas e dinheiro para membros da Al-Qaeda no Iraque. Waad Ramadan Alwan e Mohanad Shareef Hammadi foram admitidos nos EUA em 2009 como na condição de refugiados e enviados para Bowling Green, no Kentucky.

Em suma, é uma deslavada mentira afirmar que as ações do governo Obama foram uma espécie de “veto” aos refugiados iraquianos. Apesar de ter ocorrido sensível redução na quantidade de iraquianos admitidos nos Estados Unidos, em 2011, nenhuma medida formal foi anunciada pelo governo de então.

Alwan e Hammadi continuam presos nos EUA após confissão de culpa, mas jamais foram acusados de planejarem ataques nos Estados Unidos.

Os comentários de Kellyanne foram alvos de piadas nas redes sociais e “Bowling Green massacre” acabou “viralizando” no Twitter, com direito a enxurrada de mensagens irônicas lamentando as vítimas inexistentes.

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