Nada pode ser mais bizarro do que um governante que acredita ser a sede do governo um bataclã de quinta. Assim age o presidente dos Estados Unidos, o bufão Donald Trump, que vem usando a Casa Branca para interesses pessoais e familiares. Ao cidadão Trump cabe o direito de conduzir a própria vida como quiser, mas como chefe de governo há regras a serem respeitadas e cumpridas, principalmente quando o assunto é ética pública.
Acreditando ser a Casa Branca um puxadinho dos seus negócios, alguns deles falidos e polêmicos, Trump perdeu a vergonha e está a usar o cargo para criticar a rede de lojas Nordstorm, que decidiu retirar de suas prateleiras as roupas da marca Ivanka Trump, filha mais velha do mais novo “dono do universo”.
Apostando que pude tudo contra todos, o delirante Trump, que existe apenas por conta de um séquito de ignaros que não conseguem enxergar que o presidente dos EUA representa em termos globais, usou a conta da Casa Branca no Twitter para critica rede varejista, como se um empresário não pudesse decidir os destinos do próprio negócio.
“No ano passado, particularmente na última metade de 2016, as vendas da marca caíram constantemente até chegar num ponto que não fazia sentido dar continuidade às vendas dessa linha de roupa”, rebateu a Nordstorm em comunicado.
No mesmo dia, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, outro debochado e arrogante da equipe presidencial, afirmou que a decisão da Nordstorm é um “ataque direto” contra o nome de Ivanka, que adotou silêncio obsequioso diante da polêmica.
Se a filha de Trump ficou calada, a assessora Kellyanne Conway, a hilária criadora dos “fatos alternativos” (alternative facts), em entrevista concedida nesta quinta-feira (9) ao canal FoxNews, a partir da sala de imprensa da presidência dos EUA, fez propaganda declarada da marca de roupas de Ivana Trump, como se a Casa Branca fosse uma agência de marketing.
O absurdo que reina nos domínios de Donald Trump é tamanho, que Conway saiu em defesa dos comentários do chefe contra a Nordstom. “Saiam e comprem coisas de Ivanka. Eu vou sair e comprar algo”, disse a assessora.
“É um linha de roupa maravilhosa. Eu tenho algumas peças. Vou fazer publicidade gratuita. Saiam e comprem (roupas de Ivanka)”, acrescentou Conway, cujo salário é pago com o dinheiro do contribuinte norte-americano. Não contente com sua postura condenável, Kellyanne foi além e disparou: “Ivanka é uma bem-sucedida empresária e uma defensora do empoderamento da mulher e da presença da mulher no trabalho”.
Não estivessem os Estados Unidos vivendo debaixo de uma “delinquentocracia”, Conway já estaria demitida e Trump a dar explicações às autoridades competentes. O presidente dos EUA mostra não apenas que é um despreparado para o cargo, mas que está fazendo força para abreviar ao máximo o próprio mandato.