Jornais e líderes judeus nos EUA criticam duramente proposta de Trump que exclui Estado palestino

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A direita colérica, em especial a brasileira, que em nada se beneficia com as repetidas sandices de Donald Trump, continua acreditando que o magnata republicano é o último gênio da raça humana, talvez o melhor exemplar deles. Como se a estupidez fosse a solução derradeira para todos os problemas, Trump continua a agir como se fosse um carro sem freio ladeira abaixo.

Apostando na teoria “falem mal, mas falem de mim”, Donald acredita que a polêmica é o caminho mais curto para exposição em demasia, não importando se para isso seja necessário abusar da ignorância. Que Trump é um despreparado para comandar a maior potência global a grande maioria já sabe, mas é preciso cautela com as decisões tomadas pelo homem laranja.

Depois da absurda afirmação de que a paz no Oriente Médio não depende obrigatoriamente de um Estado palestino, Donald Trump conseguiu o que era esperado: preocupar a comunidade judaica dos Estados Unidos. A proposta anunciada por Trump levou líderes e jornais judaicos dos EUA a condenarem com veemência o abandono do compromisso histórico de uma solução para o conflito no Oriente Médio com base na existência de dois Estados (Israel e Palestina).

“Por muito tempo, pensei que a solução de dois Estados era a mais fácil. Mas, honestamente, se Israel e os palestinos estão felizes, eu estou feliz com o que eles prefiram”, disse Trump durante encontro com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca.

Vencidos os irresponsáveis comentários, os quais caminham na contramão de um acordo de paz, os maiores jornais norte-americanos classificaram a proposta de Trump como “sem sentido”, rotulando a ideia de uma solução sem um Estado palestino de “absurda”. Sem meias palavras e em tom obrigatoriamente crítico, jornais importantes como “The New York Times”, “The Washington Post” e “Los Angeles Times” destacaram que o abandono da política poderá fazer com que o conflito na região torne-se mais acirrado e violento.

“Ele não ofereceu detalhes sobre qualquer iniciativa de paz, e a imprecisão dos seus comentários sugere que ele não tem ideia de como seguir em frente. A sua disposição, no entanto, para dar credibilidade àqueles que negariam um Estado separado para os palestinos certamente fará a paz mais difícil de alcançar”, escreveu, em seu editorial, o “The New York Times”.


Já o “The Washington Post” descreveu a mudança de posição do governo americano como retrocesso perigoso que reduz as chances da paz entre israelenses e palestinos. O jornal da capital dos EUA chamou Trump de ingênuo por defender uma proposta que ignora os palestinos, alertando que o plano pode rapidamente se transformar em mais um fracasso diplomático a rechear o currículo do inquilino da Casa Branca. O “Los Angeles Times”, por sua vez, afirmou que Trump destruiu uma solução de dois Estados no seu pronunciamento de quarta-feira.

Líderes judeus preocupados

Nos Estados Unidos, líderes judeus também reagiram com severas críticas à proposta de Donald Trump. Alguns desses líderes classificaram como “bizarra” e “assustadora” de abandonar o plano que contempla a criação de um Estado palestino.

“Eu não tenho certeza se Trump entende as implicações”, disse o rabino Jill Jacobs, diretor-executivo de uma organização de rabinos pelos direitos humanos. “É uma sugestão muito perigosa”, completou Jacobs.

Já o porta-voz da ONG “Americans for Peace Now” lamentou o desperdício, por parte de Trump, de uma importante oportunidade de mostrar a israelenses, palestinos e americanos um claro comprometimento com a paz.

“Os dois líderes não estão apenas privando Israel da possibilidade de alcançar a paz, mas também minando o seu próprio futuro como um estado democrático e judeu. Estão entregando uma grande vitória a extremistas dos dois lados”, afirmou.

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