Lava-Jato: situação de Lula e Dilma piora após conclusão da PF sobre tentativa de obstrução à Justiça

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A conclusão a que chegou a Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava-Jato, sobre a atuação de Lula, Dilma Rousseff e Aloizio Mercadante para obstruir os trabalhos da Justiça em relação às investigações sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, mostra que pelo menos os dois ex-presidentes sabiam do evento criminoso desde a sua implantação. Além de serem coniventes com o esquema que subtraiu dos cofres da Petrobras algumas dezenas de bilhões de reais, ambos foram beneficiários, direta ou indiretamente, das ilegalidades cometidas de forma continuada.

A PF sugere m relatório, da lavra do delegado Marlon Oliveira Cajado dos Santos, do Grupo de Inquéritos da Operação Lava Jato no STF, que Lula e Dilma sejam denunciados criminalmente por obstrução de Justiça, no caso da nomeação do ex-metalúrgico como ministro-chefe da Casa Civil. Por questões óbvias, como vem ocorrendo nos últimos anos, os ex-presidentes negaram qualquer tentativa de atrapalhar as investigações, mas uma conversa telefônica entre ambos não deixa dúvida da intenção da nomeação, que claramente teve desvio de finalidade.

No momento em que Dilma diz ao antecessor que um estafeta palaciano (“Bessias”) estava levando um termo de posse para ser utilizado somente em caso de necessidade, ficou claro que o objetivo da nomeação era dar ao petista-mor direito ao foro privilegiado, o que naquele momento significava sair do radar do juiz Sérgio Moro.

No caso de Mercadante a PF sugere que o ex-ministro deve ser denunciado criminalmente por obstrução de Justiça e tráfico de influência. Isso porque em conversa com Eduardo Marzagão, ex-assessor de imprensa de Delcídio Amaral, o então ministro mostrou disposto a tudo para tentar barrar uma delação premiada do então senador por Mato Grosso do Sul.

Quando Delcídio Amaral foi preso, em novembro de 2015, horas depois o UCHO.INFO afirmou que ele não havia se reunido com o filho de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, para tratar de assuntos de interesse pessoal, mas para evitar o pior para Lula e Dilma. Delcídio agiu a mando de superiores, pois mencionou a indicação de Marcelo Navarro Ribeiro Dantas ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).


O inquérito da PF foi aberto para investigar simultaneamente três assuntos polêmicos da Operação Lava-Jato: 1) o teor da conversa gravada entre Mercadante e o ex-assessor de imprensa de Delcídio no Senado, ocorrida em 28 de dezembro de 2015; 2) a nomeação de Lula para o cargo de ministro-chefe da Casa Civil do governo Dilma; 3) e a indicação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o STJ, operação que teria envolvido o ex-presidente da Corte, ministro Francisco Falcão.

Sobre os ministros do STJ, o delegado federal Marlon Cajado dos Santos sugere desmembramento dos autos porque ambos desfrutam de foro especial no Supremo. De acordo com as investigações, a nomeação de Navarro para o STJ fazia parte de um plano palaciano, segundo a delação de Delcídio, para favorecer o empreiteiro Marcelo Odebrecht, preso desde 19 de junho de 2015 em Curitiba.

Na parte da investigação em que aparecem os nomes Navaro e Falcão, o delegado da PF pretendia ouvir Marcelo Odebrecht e também o ex-presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, além de Delcídio e Diogo Ferreira Rodrigues, que trabalhou no gabinete do ex-senador. Contudo, com o advento da delação coletiva da Obrecht, inclusive de Marcelo, o delegado preferiu aguardar a divulgação do conteúdo da colaboração premiada do empreiteiro.

Considerando que Marcelo Odebrecht falou às autoridades da Lava-Jato tudo o que sabe sobre o maior esquema de corrupção de todos os tempos, Lula e Dilma devem estar sem dormir há muito tempo, pois a expectativa é que a delação dos executivos e ex-dirigentes da empreiteira tenha efeito devastador.

Sendo assim, a tendência é que Lula, Dilma e Mercadante em breve serão réus em ação penal a tramitar na primeira instância do Judiciário, já que o trio não tem direito ao polêmico e questionável foro privilegiado.

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