O Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos divulgou nesta terça-feira (21) novas diretrizes da política migratória do governo do presidente Donald Trump. Uma das normas, assinadas pelo secretário de Segurança Interna, John Kelly, trata de acelerar o processo de deportação de imigrantes ilegais, permitindo que um indivíduo seja mandado de volta a seu país sem precisar passar por todo o processo legal, ignorando o trâmite convencional.
No documento, Kelly justifica que “o auge da imigração ilegal no sul sobrecarregou as agências e os recursos federais e criou uma significativa vulnerabilidade na segurança nacional”.
Sob as novas diretrizes, qualquer imigrante ilegal pode ser deportado. Contudo, os alvos prioritários são os condenados por algum crime, incluindo delitos leves, como furto ou dirigir sem habilitação. Isso representa uma notável mudança em relação às diretrizes de deportação no governo Barack Obama, que focavam nos imigrantes ilegais condenados apenas por crimes graves.
Além dos condenados criminalmente, a política de Trump também prevê a deportação dos imigrantes que tenham “abusado” de benefícios públicos ou que “de acordo com um agente federal, possam representar risco para a segurança do país”, diz o documento do Departamento de Segurança Interna. A grande questão é que inúmeros imigrantes ilegais serão atingidos por essa medida, inclusive os que aceitam alguns trabalhos que os norte-americanos se recusam a fazer: faxineiras, lavadores de carros, manobristas, garçons, pintores de residências, entre outros.
Os memorandos acrescentam que o órgão federal “não eximirá classes ou categorias” de imigrantes ilegais de “uma potencial aplicação da lei”, ou seja, de uma eventual deportação. Resta saber qual será o impacto das medidas no mercado de trabalho local.
No entanto, nenhuma das diretrizes assinadas nesta terça-feira por John Kelly mudará o programa, criado em 2012 por Obama, que dá permissão de trabalho e proteção contra deportação aos imigrantes que entraram ilegalmente nos Estados Unidos ainda crianças.
Para implementar as novas medidas – que colocam em risco quase todos os 11 milhões de estrangeiros sem documento que vivem em território americano –, o departamento ainda anunciou a contratação de 15 mil novos agentes migratórios e o aumento do número de centros de detenção. Assim que foi eleito, Trump afirmou que deportaria todos os imigrantes condenados por crimes, estimados pelo presidente entre 2 milhões e 3 milhões. Porém, esse número considera também imigrantes que estão legalmente nos EUA.
A política anti-imigração de Trump, que inclui a construção de um muro na fronteira com o México e uma ordem executiva, suspensa pela Justiça, de proibir temporariamente a entrada nos EUA de refugiados e de cidadãos de sete países de maioria muçulmana – levou milhares de pessoas às ruas. (Com agências internacionais)