Nova fase da Lava-Jato mira operadores financeiros que teriam repassado propina a Renan Calheiros

(Jonas Pereira - Agência Senado)
(Jonas Pereira – Agência Senado)

Deflagrada na manhã desta quinta-feira (23) pela Polícia Federal, no Rio de Janeiro, a Operação Blackout, 38ª fase da Operação Lava-Jato, é mais um passo na direção do PMDB, um dos partidos envolvidos no maior escândalo de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, que derreteu os cofres da Petrobras e de outras estatais.

Com autorização do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, a Blackout cumpre quinze mandados de busca e apreensão e dois de prisão preventiva. Na alça de mira da operação estão Jorge Luz e Bruno Luz, pai e filho, respectivamente, acusados de serem os operadores financeiros do PMDB.

A Blackout é resultante de depoimentos de pelo menos dois delatores da Lava-Jato – Nestor Cerveró e Fernando Soares, o Fernando Baiano – que detalharam o caminho do dinheiro desviado da Petrobras até caciques do PMDB, sendo que a propina passava obrigatoriamente por diretores da estatal petrolífera.

Em depoimento de colaboração premiada, Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobras, afirmou aos investigadores que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) recebia propinas através da estrutura de Jorge Luz, que operacionalizava os pagamentos a políticos por meio de contas bancárias de offshores nas Bahamas e na Suíça.

“O Jorge Luz era um operador dos muitos que atuam na Petrobras. Eu conheci o Jorge Luz, inclusive nós trabalhamos, também faz parte de uma propina que eu recebi, que faz parte da minha colaboração na Argentina. E foi o operador que pagou os US$ 6 milhões, da comissão. Da propina da sonda Petrobras 10.000, foi o Jorge Luz encarregado de pagar ao senador Renan Calheiros…”, declarou Cerveró.

Segundo as investigações, Calheiros recebeu US$ 6 milhões em propina por meio do lobista Jorge Luz, referente ao contrato de afretamento do navio-sonda Petrobras 10.000.


“Entre os contratos da diretoria Internacional, os alvos são suspeitos de intermediar propinas na compra dos navios-sonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000; na operação do navio sonda Vitoria 10.000 e na venda, pela Petrobras, da Transener para a empresa Eletroengenharia”, destacou o Ministério Público Federal (MPF)

O delator Fernando Baiano, em depoimento à força-tarefa da Lava-Jato, confirmou que Renan Calheiros recebeu através de Luz dinheiro ilícito do esquema criminoso que durante uma década funcionou de forma deliberada na estatal.

A PF não encontrou Jorge e Bruno Luz na capital fluminense, o que reforça a hipótese de quem ambos, que têm dupla nacionalidade, estejam no exterior. As autoridades já emitiram alertas internacionais para tentar capturar a dupla.

“As prisões foram decretadas para garantia de ordem pública e para assegurar a aplicação da lei penal, tendo em conta a notícia que os investigados se evadiram recentemente para o exterior, possuindo inclusive dupla nacionalidade”, declarou o procurador federal Diogo Castor de Matos.

Em nota, a assessoria de Renan Calheiros ressalta que “o senador reitera ainda que todas as suas relações com empresas, diretores ou outros investigados não ultrapassaram os limites institucionais.Embora conheça a pessoa mencionada no noticiário, não o vê há 25 anos e que não possui nenhum operador”.

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