Escândalo envolvendo Padilha, Yunes e Funaro começa a esquentar e deixa o governo em alerta máximo

A situação do PMDB deve piorar muito nos próximos dias. Isso porque o advogado José Yunes, amigo do presidente da República há pelo menos cinquenta anos, autorizou os investigadores da Operação Lava-Jato a quebrarem seu sigilo telefônico para provar que recebeu, a pedido do ministro licenciado da Casa Civil, um envelope entregue pelo operador financeiro Lucio Bolonha Funaro. Yunes disse aos investigadores que sua secretária poderá colaborar para provar que Eliseu Padilha telefonou para pedir-lhe tal favor.

Esse cenário mostra que a tensão no Palácio do Planalto deve aumentar com o passar das horas, fazendo com que o presidente Michel Temer afunde ainda mais na crise política que começa a corroer as estruturas de um governo que ainda não mostrou a que veio. Enquanto Yunes mostrou-se convicto ao depor, Lucio Funaro nega a versão de que entregou, no escritório do advogado, envelope com R$ 4 milhões, valor destinado a Eliseu Padilha.

Enquanto o clima na órbita da Lava-Jato esquenta, Funaro pediu à Procuradoria-Geral da República para depor sobre o caso, dando sinais claros de que está disposto a revelar o que sabe. Se optar pela mentira, Lucio Funaro terá problemas com os investigadores, que há muito estão no seu encalço. Por outro lado, se revelar a verdade, Funaro colocará mais lenha na fogueira.


Nesse estica e puxa que se formou em torno de declarações antagônicas – envolvendo Yunes, Padilha e Funaro – um detalhe chama a atenção: Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e preso em Curitiba na esteira da Lava-Jato, enviou ao presidente da República, por meio de seus advogados, algumas perguntas capciosas. Entre os questionamentos, Cunha quer saber se o advogado José Yunes recebeu em seu escritório alguma doação em dinheiro para o PMDB.

Essa pergunta não deixa dúvidas acerca da entrega do tal envelope no escritório de Yunes, localizado no Jardim Europa, bairro nobre da capital paulista. O grande questionamento que paira sobre o episódio, que caminha a passos largos na direção do escândalo, é como um simples envelope pode abrigar R$ 4 milhões. Considerando que a cédula de real de maior valor é de R$ 100, o tal envelope teria de ser grande o suficiente para abrigar 40 mil notas. Ou seja, está mais para pacote, quase uma mala de mão.

O horizonte que se ergue diante de Michel Temer é carrancudo e pouco animador, apesar de o presidente tentar manter o otimismo em doses elevadas. Com tantos escândalos já consumados e outros tantos por vir, não é errado concluir que a crise política tende a se acirrar, inviabilizando a solução da crise econômica, que continua dependendo da aprovação de matérias importantes no Congresso Nacional.

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