Além de escolher o novo comandante do Itamaraty, Temer precisa definir a política externa brasileira

A chegada do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira Filho (SP) ao comando do Ministério de Relações Exteriores, em substituição a José Serra, que deixou o posto por problemas de saúde e interesses políticos, não significa que a política externa brasileira, vilipendiada ao longo da era petista, está a um passo da solução.

A troca de ministros está longe de ser um avanço na diplomacia verde-loura, que de 2003 a 2016 foi baseada em questões ideológicas que privilegiaram a esquerda bandoleira que se esparrama pela América Latina e algumas outras nações ao redor do planeta. O Brasil precisa definir com urgência uma política externa de longo prazo, priorizando as questões comerciais, pois o País precisa desvencilhar-se da grave crise econômica, algo possível somente com determinação, planejamento e paciência.

Aloysio Nunes, que deverá ser empossado no cargo na próxima terça-feira (7), disse que o desafio maior é “dar nova vida ao Mercosul”, bloco econômico que acostumou-se a viver na última década à sombra da troca de salamaleques entre governantes esquerdistas preocupados em manter a ideologia rançosa na porção sul do continente americano.

“Nós temos alguns desafios muito importantes, como dar nova vida ao Mercosul, aproximar o Mercosul dos países da Aliança para o Pacífico. Agora, um entendimento entre o Mercosul e a União Europeia pode dar também uma nova oportunidade para uma inserção mais competitiva do Brasil no mundo”, afirmou Aloysio Nunes. “O Brasil é um país grande, que tem influência na política internacional”, completou.

Se o novo ministro focar suas ações apenas no Mercosul, o Brasil continuará andando de lado e sendo o líder “bonzinho” de um bloco que reúne países com culturas econômicas distintas e que buscam fazer negócios regionais como forma de debelar crises quase intermináveis.


O novo ministro chega ao cargo embalado pela teoria de que o Brasil começa a deixar para trás a mais grave crise econômica da história do País, quando a realidade é outra. Os primeiros sinais da suposta recuperação econômica nada mais são do que reflexo de uma recessão e preocupante e do avanço do desemprego.

“Eu penso que a política externa, nesse momento em que o Brasil começa a sair de uma crise profunda, pode dar uma grande contribuição, especialmente na área econômica, na área do comércio internacional, na área de investimentos para trazer mais investimentos, prosperidade e mais empregos para o Brasil”, disse Aloysio Nunes.

A primeira medida a ser tomada pelo governo brasileiro na seara da política externa regional é colocar a Venezuela no seu devido lugar, pois a ditadura de Nicolás Maduro não pode querer dar ordens no Mercosul enquanto viola de forma flagrante a democracia e as liberdades individuais, além de manter presos adversários políticos.

Aloysio Nunes chega ao comando do Itamaraty não por notória competência em política externa, mas apenas porque presidiu a Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal. Como afirmou o UCHO.INFO em matéria publicada recentemente, o melhor candidato ao cargo era Sérgio Amaral. Diplomata de carreira e filiado ao PSDB, Amaral é o atual embaixador do Brasil em Washington. O que lhe confere condições de sobra para ancorar a política externa brasileira.

Com o PSDB querendo ocupar cada vez mais espaço em um governo que tentou inviabilizar com ação protocolada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), como pavimentação de rota para eventual candidatura à Presidência da República em 2018, as questões políticas sempre atropelarão as soluções técnicas. Nessa lufada de escambo que domina a Esplanada dos Ministérios, quem perde é o País e a sociedade.

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