Enquanto do PMDB sangra politicamente debaixo da delação coletiva da Odebrecht, no âmbito doa Operação Lava-Jato, o PT está a derreter por causa do desespero provocado pelo acordo de colaboração premiada do grupo empresarial baiano.
Se o calvário peemedebista é a bola da vez na seara da Lava-Jato, o horizonte petista volta a ficar carrancudo por conta do efeito cascata da delação da maior empreiteira do País, que durante quase uma década funcionou como caixa criminoso de um partido que ao longo do tempo adotou o banditismo político como forma de sobrevivência.
Graves são as acusações feitas pelos executivos e ex-dirigentes da Odebrecht contra Antonio Palocci Filho e Guido Mantega, identificados na contabilidade da propina como “Italiano” e “Pós-Itália”, respectivamente.
Em depoimento aos integrantes da força-tarefa da Lava-Jato, Marcelo Odebrecht, ex-presidente e herdeiro do grupo empresarial, afirmou que, entre 2006 e 2014, repassou ao PT R$ 300 milhões, operação coordenada por Palocci e Mantega.
As denúncias têm alto poder de destruição e podem obrigar a dupla petista – Antonio Palocci e Guido Mantega – a rumar na direção da colaboração premiada. A situação mais complexa é a de Palocci, que está preso, por determinação do juiz Sérgio Moro, desde setembro de 2016 e vem colecionando reveses em suas tentativas de recuperar a liberdade, mesmo que de forma provisória.
Considerando o estilo nababesco de vida que passou a levar depois que ingressou na seara da corrupção petista, Palocci não será mais um dos que manterão o silêncio em nome da ideologia. Ou seja, cresce com o passar dos dias a chance de o ex-ministro da fazenda soltar a voz e delatar os “companheiros”.
No caso de essa hipótese se confirmar, não se pode esquecer o conteúdo da delação do ex-senador Delcídio Amaral, que em determinado depoimento citou o “triunvirato” formado por Palocci, Erenice Guerra e Silas Rondeau para viabilizar, através da cobrança de polpudas propinas, a construção da hidrelétrica de Belo Monte. O “pedágio” foi pago, segundo Delcídio, através de doações eleitorais ao PT e ao PMDB.
Delcídio afirmou que as propinas referentes à obra de Belo Monte somaram pelo menos R$ 30 milhões, mas o próprio ex-senador admitiu que o valor poderia ser maior por conta das inúmeras reclamações dos fornecedores da obra em relação a pagamentos.
“A propina de Belo Monte serviu como contribuição decisiva para as campanhas eleitorais de 2010 e 2014”, afirmou Delcídio. “A atuação do triunvirato formado por Silas Rondeau, Erenice Guerra e Antônio Palocci foi fundamental para se chegar ao desenho corporativo e empresarial definitivo do projeto Belo Monte”, completou o ex-parlamentar.
Resumindo, se Antonio Palocci e Guido Mantega aderirem à delação premiada – o que é considerado como altamente possível –, boa parte do staff petista será arrastada mais uma vez para o centro do maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão, que derreteu os cofres não apenas da Petrobras, mas de outras estatais e várias empreiteiras.