O terrorista venezuelano Ilich Ramírez Sánchez, conhecido como ‘Carlos, o Chacal’, enfrenta a partir desta segunda-feira (13) um novo julgamento, desta vez por um atentado executado no centro de Paris em setembro de 1974. A ação deixou dois mortos e dezenas de feridos. O veredito pode lhe render ao terrorista a terceira condenação à prisão perpétua na França.
Carlos, que tem 67 anos, será julgado pelo Tribunal Criminal de Paris. Ao todo, 27 pessoas e três associações de vítimas tomaram parte na acusação.
O ataque alvo do processo resultou na morte de François Benzo e David Grunberg, vítimas da explosão de uma granada lançada em 15 de setembro de 1974 na Publicis Drugstore, uma galeria comercial do Boulevard Saint-Germain. O ataque também deixou 40 feridos.
A ação judicial chegou a ser arquivada em 1983. Tudo mudou em 1994, quando Carlos foi capturado no Sudão em uma operação do serviço secreto francês.
O caso acabou sendo reaberto em janeiro de 1995 e, em fevereiro do ano seguinte, o Chacal foi acusado pelo atentado. Desde então, sua advogada, Isabelle Coutant-Peyre, vem tentando invalidar as acusações, com pouco sucesso.
Os argumentos da defesa de que os crimes já prescreveram e de que não há provas que identifiquem seu cliente foram sucessivamente recusados até que, em 2016, a Justiça decidiu levar o terrorista definitivamente a julgamento.
A advogada disse considerar “um escândalo” que seu cliente seja julgado por fatos que ocorreram há quase 43 anos. Ela também afirmou que Carlos não tem a intenção de apresentar uma mera defesa judicial neste julgamento. Sua tática deve ser a de fazer uso de um discurso político, como já fez no passado em outros julgamentos.
A primeira pena de prisão perpétua para Carlos foi ditada em 1997, quando ele foi condenado pelo assassinato dois agentes secretos franceses em Paris em 27 de junho de 1975.
Em junho de 2013, a Justiça confirmou outra condenação à prisão perpétua a Carlos por quatro atentados cometidos na França em 1982 e 1983. Os ataques resultaram na morte de 11 pessoas. Outras 200 ficaram feridas.
Carreira terrorista
‘Carlos, o Chacal’ ficou famoso internacionalmente nos anos 70 e 80 por uma série de ataques terroristas, incluindo o sequestro de representantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em Viena, em 1975. Na ocasião, três pessoas morreram.
Nascido em Caracas em 1949, Ramírez era um advogado adepto do marxismo. Estudou em Moscou e mudou-se para o Líbano, onde ingressou na Frente Popular para a Libertação da Palestina. Na Europa, Ramírez manteve ligações com o grupo terrorista alemão Fração do Exército Vermelho (RAF, na sigla em alemão). Ele ganhou a alcunha de ‘Carlos, o Chacal’ após uma cópia do livro “O dia do chacal”, de Frederick Forsyth, ser encontrada por policiais no quarto de hotel em que ele se hospedou. (Deutsche Welle)