Lava-Jato: incoerente, Lula bambeia entre a tese da perseguição política e a preocupação com delatores

Se partidos políticos fossem seres humanos, por certo o PT já estaria no divã do analista mais próximo, caso parte da legenda não estivesse atrás das grades por conta do envolvimento dos “companheiros” em escândalos de corrupção.

Desde a deflagração da Operação Lava-Jato, em março de 2014, o PT nega qualquer envolvimento no maior esquema de corrupção da história da Humanidade. As investigações avançaram e flagraram no cerne da ação criminosa próceres petistas, dentre os quais o ex-presidente Lula, que ao longo dos últimos meses transformou-se no dramaturgo do Petrolão, tamanha é a quantidade de lamúrias e enredos rocambolescos.

Sem direito ao foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro especial, Lula está sendo julgado pelo juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Lava-Jato.

A partir do momento em que seu nome apareceu como sendo um dos protagonistas do Petrolão, Lula iniciou uma ininterrupta investida contra a operação e o juiz Sérgio Moro, como se ele fosse vítima de perseguição política e caçada judicial. Aliás, esse é o discurso entoado por seus caros advogados, que tem circulado pelo Brasil e por algumas caras e badaladas cidades do planeta na tentativa de provar uma inocência que não existe.

Ciente de que somente a prescrição dos crimes que lhe são imputados poderá evitar uma ou mais condenações – o petista é réu em cinco ações penais –, Lula está em plena campanha para participar da eleição presidencial de 2018 e, se vitorioso for, retornar ao Palácio do Planalto. Com a tramitação célere das ações judiciais, Lula está mais perto da condenação do que da eleição, o que tem lhe tirado o sono, como ele próprio já declarou em depoimento à Justiça.


Há no discurso petista uma clara desconexão entre os fatos, o que denota o desespero dos estrelados da legenda. Como se não bastasse o cansativo e visguento palavrório de Lula, a maioria dos “companheiros” não apenas incensa o comandante-mor, mas insiste na tese boquirrota de que há no País uma incontestável perseguição para impedir a volta do partido do poder central.

Pois bem, se a questão é de fato a alegada perseguição, que os advogados de Lula provem sua inocência à Justiça, algo que até agora não foi feito porque é impossível contrariar as provas levantadas durante as investigações. Em suma, Lula é culpado e sua condenação é uma questão de tempo. No caso de a sentença condenatória ser confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, Lula estará automaticamente inelegível e poderá ser preso com base em entendimento do STF, que autoriza o cumprimento da pena a partir de decisão de segunda instância.

Fosse a tese da perseguição verdadeira, Lula e seus camaradas não estariam preocupados com algumas delações, como as do empresário Marcelo Odebrecht e do marqueteiro João Santana. Além disso, o petista Antonio Palocci Filho, ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, preso em Curitiba desde outubro de 2016, já cogita a possibilidade de negociar acordo de delação premiada.

O desespero que tomou conta da direção do PT é tão grande e avassalador, que emissários foram acionados para tentar evitar o pior. Lula, por exemplo, teria feito chegar a Palocci informações sobre sua insatisfação (leia-se pavor) com a possibilidade de delação. Tanto é assim, que o petista teria acionado um dos seus advogados, o conceituado criminalista José Roberto Batochio, que também defende Palocci, para tentar uma operação abafa.

Lula, que continua acreditando estar acima da lei e de todos, desdenha a capacidade de raciocínio do brasileiro. Sem saber ao certo quanto recebe mensalmente – a afirmação é do próprio petista, em depoimento à Justiça Federal, em Brasília – Lula mantém uma equipe de advogados cujos honorários sempre frequentam a casa dos sete dígitos. Não obstante, o ex-presidente contratou o advogado australiano Geoffrey Robertson, com escritório em Londres, para representá-lo junto ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas, em Genebra.

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