Lava-Jato: covarde recorrente, Lula sabe que será condenado e começa a adoçar discurso sobre Moro

(Edilson Dantas – O Globo)

Responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro frequentava, até recentemente, o universo da oratória peçonhenta de Lula, o dramaturgo do Petrolão, que insiste em abusar da vitimização como forma de provar uma inocência que simplesmente inexiste. Pelo menos é isso que se depreende da atuação de um grupo de advogados e criminalistas contratados a peso de ouro.

Ciente de que o cerco da Lava-Jato fecha-se cada vez mais no seu entorno, Lula decidiu amainar o discurso e, nesta sexta-feira (7), em entrevista à “Rádio O Povo” (Ceará), afirmou que Moro “cumpre um papel importante na história do País”. Esse palavrório visguento surge a poucas semanas do depoimento do petista ao juiz da Lava-Jato, marcado para o próximo dia 3 de maio, em Curitiba.

Sobre o depoimento, o ex-presidente mais uma vez apelou ao dramalhão e disse que “é a primeira oportunidade que vou ter de saber qual é a acusação e a prova que tem contra mim”. Ou seja, Lula, nas entrelinhas, volta a acionar a tese de que é vítima de perseguição política e de caçada judicial, como se nada representassem as provas colhidas nas investigações pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal, sem contar os depoimentos dos delatores do Petrolão.

Político experiente e alarife profissional, Lula recorreu ao “non sense” ao afirmar: “A única coisa que eu condeno nisso tudo é utilizar a imprensa para condenar as pessoas previamente, antes de haver provas”.

“A única coisa que ouvi até agora é ‘não esperem prova, tenho convicção’. As pessoas não podem dizer que têm convicção, é preciso mostrar”, disse o petista, em evidente referência à suposta declaração do procurador Deltan Dallagnol, que viralizou na rede mundial de computadores, após apresentar denúncia contra Lula.


Sobre a crise institucional que chacoalha o País, Lula usou a sua eloquência de botequim e disparou: “O Poder Executivo precisa governar, o Legislativo legislar, e o Judiciário, sobretudo a Suprema Corte, ser a garantia da Constituição”.

O ex-metalúrgico não perdeu a oportunidade e criticou a atuação de alguns juízes, apenas por que esses não se rendem ao viés criminoso que o PT exibiu ao longo dos últimos quatorze anos. “Eu vejo juiz dando declaração na televisão fora dos autos do processo. As pessoas que querem emitir opinião sobre política deveriam deixar um cargo vitalício e entrar num partido político”, disse.

Enquanto esteve na oposição, o PT não apenas condenou por antecipação os adversários, mas vez por outra desembarcava nas redações dos principais veículos de comunicação com provas de origem suspeita contra aqueles que a legenda considerava como inimigos políticos. Agora, com um cipoal de provas à disposição, a Justiça não pode exercer o seu papel apenas porque Lula acredita estar acima de tudo e de todos.

Sobre os Poderes constituídos, Lula perdeu a chance de ficar calado, em vez de regurgitar seu conhecido besteirol. Quem protagonizou o período mais corrupto do País, comprando apoio político no Congresso com o pagamento de mesadas e, na sequência, com a roubalheira sistêmica na Petrobras e outras estatais, não tem moral para dizer o que cada Poder deve fazer, em especial o Judiciário.

Lula é um malandro profissional e conhecido que usa a própria verborragia para anestesiar a massa ignara, que continua tratando-o como se fosse o derradeiro salvador do universo. Sua condenação, além de questão de Justiça, é condição sine qua non para que o País consiga seguir com menos sobressaltos o tortuoso caminho que tem pela frente.

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