“Não tem neste País uma viva alma mais honesta do que eu”. Com esta frase típica de casa de alterne, proferida em janeiro de 2016, Luiz Inácio da Silva, o dramaturgo do Petrolão, tentou “vender” à opinião pública uma honestidade que desmoronou à sombra dos depoimentos de Marcelo e Emílio Odebrecht no âmbito da Operação Lava-Jato.
Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Lava-Jato, Marcelo Odebrecht disse que destinou R$ 40 milhões à conta “Amigo”. Essa informação derruba o falso moralismo de um malandro experimentado que tenta voltar ao poder para terminar o serviço sujo que comandou ao longo de treze anos e cinco meses. E essa tentativa de retornou à Presidência se dá na esteira de uma enxurrada de mentiras.
“O que eu combinei com o Palocci foi o seguinte: essa é uma relação minha com a presidência do PT no Brasil. Então, eu disse: vai mudar o governo, vai entrar a Dilma [Rousseff]. Esse saldo passa a ser gerido por ela, a pedido dela. A gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto, para outras coisas. Então vamos pegar e provisionar uma parte desse saldo, aí botamos R$ 35 milhões no saldo ‘amigo’, que é Lula, para uso que fosse orientação de Lula”.
“A gente botou R$ 40 milhões que viriam para atender demandas que viessem de Lula. Veja bem: o Lula nunca me pediu diretamente. Eu combinei via Palocci. Óbvio, ao longo dos usos, ficou claro que era realmente para o Lula. […] O Palocci me pedia para descontar do saldo ‘amigo’”, disse Marcelo.
O falso véu de probidade que Lula insiste em usar acabou se desmanchando no vácuo do depoimento de Emílio Odebrecht, pai de Marcelo e presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial que leva o nome da família.
O juiz da Lava-Jato, em depoimento de colaboração premiada, Emílio afirmou que certa feita reclamou com Lula sobre a voracidade com que os “companheiros” cobravam propinas. “Lembro de, em uma dessas ocasiões, ter disso ao então presidente que o pessoal dele estava com a goela muito aberta. Estavam passando de jacaré para crocodilo”, declarou Emílio Odebrecht.
O comandante do Grupo Odebrecht foi além e disse que o “apoio” a Lula e seus sequazes vem desde a época em que o ex-metalúrgico sequer era candidato e se estendeu ao período em que esteve no comando do País.
Com o levantamento do sigilo dos depoimentos, Lula, por meio de seus advogados negou ter cometido algum ato ilícito, como se isso fosse verdade. O Instituto Lula, que também funciona como catapulta da mitomania petista, afirmou que o ex-presidente não tem conhecimento ou qualquer relação com planilha de pagamento de propina sob a rubrica “Amigo”.
Em outras palavras, Lula continua acreditando que “não tem neste país uma viva alma mais honesta” do que ele. Enquanto isso, Marcelo Odebrecht depende da verdade para recuperar a liberdade, ao passo que seu pai, Emílio, colabora com a Lava-Jato de forma franca e efetiva para não acabar atrás das grades, pois tudo o que revelou até agora é suficiente para uma condenação pesada.