Com duas derrotas em casa – Cruzeiro (Copa do Brasil) e Corinthians (Campeonato Paulista) –, o São Paulo Futebol Clube, um das mais destacadas agremiações do futebol brasileiro, ruma para eleição de diretoria que promete ser a mais acirrada dos últimos tempos. O atual presidente do SPFC, Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, enfrentará na terça-feira (18), nas dependências da sede do clube, no Morumbi, não apenas a força dos adversários, mas um assunto polêmico que pode levá-lo à derrota nas urnas.
Antes de substituir no cargo o não menos polêmico Carlos Miguel Aidar, escorraçado do comando do Tricolor debaixo de denúncias de corrupção, Leco vê um escândalo passado retornar à cena. Então diretor de futebol do São Paulo, na gestão de Marcelo Portugal Gouvêa, Leco autorizou, à época (2002), o pagamento de US$ 225 mil ao empresário do jogador Jorginho Paulista.
Apesar da decisão de Leco, o outrora presidente Portugal Gouvêa não autorizou o pagamento, alegando desconhecer o nebuloso acerto, que em anotações trazia informações sobre “payback”, ou seja, devolução de parte do dinheiro pago. O imbróglio culminou com a demissão de Leco do cargo de diretor de futebol do clube do Morumbi.
Com o suspeito negócio longe dos holofotes da mídia, o empresário de Jorginho Paulista vendeu a dívida a uma empresa que comercializa máquinas e equipamentos industriais, a Prazan. Esse novo capítulo causou estranheza nos bastidores do SPFC, mas acabou arrancando dos cofres do clube, em 2015, R$ 4,6 milhões. Isso porque a Prazan recorreu à Justiça para receber a dívida adquirida junto ao empresário do atleta.
Depois da determinação judicial, Leco faltou com a verdade ao tratar do assunto e afirmar que a autorização para o pagamento, em 2002, teve a anuência de Marcelo Portugal Gouvêa. Fato que a Justiça já comprovou não ser verdade. Em outras palavras, o atual presidente do São Paulo mentiu mais uma vez.
A postura nada ética de Leco é questionada por muitos conselheiros do clube do Morumbi, uma vez que o advogado Marcelo Portugal Gouvêa morreu em novembro de 2008 e não pode mais se defender das acusações consideradas levianas.
Sem empolgar nos gramados, o São Paulo Futebol Clube vive nos bastidores um momento conturbado que vem refletindo na equipe principal de futebol. Quando assumiu o posto de Carlos Miguel Aidar, que renunciou ao cargo para evitar vexame maior, Leco era uma quase unanimidade entre os conselheiros tricolores.
Contundo, sem demonstrar a postura esperada de presidente de um clube com a história do SPFC, cuja camisa tem considerável peso, Leco não demorou a colecionar desafetos novamente. O escândalo envolvendo o jogador Jorginho Paulista foi o combustível que faltava para a oposição acender a fogueira em torno de Leco, que pode ser derrotado na eleição pelo grupo de José Eduardo Mesquita Pimenta, que como presidente do clube (1990-1994) conquistou inúmeros títulos.