Diferentemente do que afirmam os palacianos, a aprovação do projeto de reforma da Previdência não é favas contadas. Inicialmente programada para o dia 2 de maio, a votação no plenário da Câmara dos Deputados poderá ser adiada diante das dificuldades enfrentadas pelo governo junto à base aliada.
Desfigurado – apenas um item do projeto original permaneceu intacto –, o projeto enviado ao Congresso Nacional é a pedra no caminho dos parlamentares que no próximo ano buscarão a reeleição, seja por projeto político, seja por necessidade de manter o foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. Impopular, a reforma é vista como uma ferramenta capaz de tirar votos.
Ciente de que a resistência na Câmara deve crescer e sem ter certeza de que o projeto proporcionará à economia os benefícios imaginados, o governo do presidente Michel Temer (PMDB) estuda a possibilidade de postergar a votação, como forma ter mais tempo para desmistificar o tema.
Como vem afirmando o UCHO.INFO desde a apresentação do projeto, a reforma da Previdência é absolutamente necessária, apesar das polêmicas discussões que brotaram do projeto, mas é preciso reconhecer que muitos políticos, em especial os da esquerda (da moderada à radical), estão aproveitando as discussões como forma de ressurgimento do cenário político nacional, principalmente depois dos recentes desdobramentos da Operação Lava-Jato (elai-se delações bombásticas).
A preocupação que reina no Palácio do Planalto por causa das incertezas na seara da reforma da Previdência é tamanha, que o presidente Michel Temer está propenso a “usar” o apresentador Silvio Santos para espantar os fantasmas que rondam o projeto.
Caso insista no assunto, Temer estará cometendo um grande equivoco, pois o dono do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) está no centro de uma polêmica envolvendo a venda do Banco Panamericano para a Caixa Participações (CaixaPar) – braço da Caixa Econômica Federal (CEF).
Apenas para relembrar o escuso negócio, que contou com o endosso do então presidente Lula, e por consequência de Dilma Rousseff, a CaixaPar pagou R$ 740 milhões por 49% do capital votante e de 21,9% das ações preferenciais, meses antes de o Panamericano quebrar devido a fraudes contábeis e financeiras que deixaram um rombo de R$ 4,3 bilhões no patrimônio do banco que à época integrava o Grupo Silvio Santos.
Na sequência, a parte restante do capital foi vendida ao banco BTG Pactual, que entrou na mira dos holofotes por ocasião da prisão do principal executivo da instituição financeira, André Esteves, acusado de participar da epopeia criminosa que objetivava em comprar o silêncio de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso na Operação Lava-Jato.
Sob investigação, o caso ganhou nova rajada de luz na última quarta-feira (19), quando duzentos policiais federais saíram às ruas para cumprir 46 mandados judiciais. O motivo desses mandados é um só: diante de uma fraude fiscal escandalosa e bilionária, o Banco Central jamais poderia ter autorizado a venda do Panamericano. Isso só aconteceu porque alguma autoridade palaciana deu ordem para que o negócio fosse fechado