De acordo com projeções do instituto de pesquisa Ipsos, o candidato Emmanuel Macron, do “Em Movimento”, é o vencedor do primeiro turno da eleição presidencial francesa, com 23,7% dos votos, seguido de Marine Le Pen, da Frente Nacional, com 21,7%. Ambos disputarão a presidência da França no próximo dia 7 de maio, quando acontece o segundo turno da corrida presidencial.
“Chegou o momento de libertar o povo francês”, afirmou a ultradireitista e xenófoba Marine Le Pen, reagindo aos resultados. Afirmando-se como “a candidata do povo”, a líder da Frente Nacional apelou a todos apoio à sua candidatura no segundo turno pelo “interesse superior do país”. Alegando estar em jogo “a sobrevivência da França”, Marine Le Pen destacou que a grande questão da eleição é a contenção da “globalização selvagem que ameaça a nossa civilização”.
Pouco antes, foi a vez de François Fillon reagir. “Não há outra escolha a não ser votar contra a extrema-direita. Votarei a favor de Emmanuel Macron”, anunciou o candidato da direita. O ex-primeiro-ministro e candidato do partido “Os Republicanos” admitiu que não o fará “de ânimo leve”, mas explicou ser necessário “escolher o que é preferível para o nosso país”.
Lembrando o passado de violência da Frente Nacional, Fillon explicou ainda que com Marine Le Pen no Eliseu, a França iria à falência, sublinhando que “o extremismo só pode trazer infelicidade”.
Também Alain Juppé, o ex-primeiro-ministro derrotado por Fillon nas primárias da direita, pediu para que os franceses votem em Macron no segundo turno. “O nosso país precisa de reformas corajosas para reconstruir um Estado forte, voltar ao pleno emprego, voltar a colocar a educação e a formação no centro das políticas públicas. Espero que Emmanuel Macron restabeleça a credibilidade de França no cenário europeu e mundial, e que dê à juventude de França a esperança num mundo novo”.
O socialista Benoît Hamon também se manifestou após o fechamento das urnas. “Falhei, falhei!”, afirmou o candidato da esquerda, destacando que esta foi “uma derrota moral para a esquerda, toda a esquerda”. Afirmando estar “orgulhoso” de ter feito uma campanha “positiva” que “voltou a dar esperança aos jovens do país”, o ex-ministro garantiu que “a esquerda não está morta”.
Apesar de considerar Macron um adversário político, Hamon apelou a votar no candidato do “Em Movimento!” (En Marche!) para “abater a extrema-direita”. Também o primeiro-ministro socialista Bernard Cazeneuve pediu aos franceses para irem às urnas em 7 de maio e votar em Macron “para bater a FN, para travar o projeto desastroso [de Marine Le Pen] de regressão da França e de divisão dos franceses”.
O presidente François Hollande, que decidiu não se candidatar a um segundo mandato, já ligou a Macron para cumprimentá-lo pela vitória no primeiro turno.
No Twitter, Manuel Valls juntou-se ao apoio socialista ao candidato do “Em Movimento!”. “Como no primeiro turno, votarei Macron em 7 de maio. Cada um deve medir a gravidade do momento e fazer tudo pela união. Pela França”, escreveu o ex-primeiro-ministro, derrotado por Hamon nas primárias da esquerda.
Entre os apoiadores de Macron reunidos em Porte de Versailles, em Paris, o ambiente começou a aquecer. As cerca de 300 pessoas agitaram bandeiras enquanto a televisão exibia os primeiros resultados. Quem chega ao local recebe o material para a festa.
Do lado da Frente Nacional, Marion Maréchal-Le Pen, sobrinha de Marine, falou numa “vitória histórica para os nacionalistas e os soberanistas”. A deputada falou numa “separação clara que por fim se afirma” e apela aos franceses para se mobilizarem no segundo turno.