Na edição de terça-feira (25), o UCHO.INFO afirmou que o desdém de Lula em relação à possível delação de Antonio Palocci Filho, externado em entrevista a uma emissora de rádio potiguar, era sinal de desespero com dissimulação ou arrogância e tiro no pé.
Depois de tentar dissuadir Palocci de negociar acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava-Jato, o ex-metalúrgico foi surpreendido com a informação de que o ex-ministro (Fazenda e Casa Civil) contratou o advogado Adriano Bretas para cuidar do assunto. Bretas foi responsável por viabilizar a delação do doleiro Alberto Youssef e está negociando a de Renato Duque, ex-diretor da Petrobras.
O ex-presidente da República e nove entre dez petistas “estrelados” queriam que Antonio Palocci permanecesse preso e em silêncio, enquanto alguns camaradas flagrados no Petrolão curtem a vida em liberdade e aproveitam o produto do crime.
Longe de ter o perfil de “soldado da legenda”, Palocci decidiu aderir à delação quando, recentemente, teve negado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedido de habeas corpus. Ao depor ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, na última semana, Antonio Palocci foi claro ao externar sua disposição de colaborar com os investigadores da Lava-Jato. O petista disse às autoridades que fornecerá dados completos sobre operações ilícitas, começando pelos nomes dos envolvidos no esquema criminoso.
Com a decisão de Palocci, a situação de Lula deu um salto na direção do caos. Isso porque o ex-ministro deve revelar à força-tarefa detalhes estarrecedores da roubalheira sistêmica que tomou conta do País, como, por exemplo, o caso da propina cobrada na criação da empresa Sete Brasil, que atualmente vive penúria financeira preocupante.
Caso as negociações em torno da colaboração premiada cheguem a bom termo, Palocci poderá revelar que um terço da propina paga pela Sete Brasil foi destinado a ele próprio e a Lula. Essa informação poderá ser confirmada por Renato Duque, que por sua vez deve arrastar José Dirceu ao olho do furacão.
Quem também pode aderir à delação premiada é João Vaccari Neto, o ex-tesoureiro do PT e ex-presidente da Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que iniciou a obra do edifício Solaris, em Guarujá, onde Lula seria dono de um triplex reformado pela OAS, que assumiu o empreendimento após a entidade ir à bancarrota.
Considerando a possibilidade de Palocci, Duque, Dirceu e Vaccari seguirem o caminho da delação premiada, até porque nenhum deles deseja passar longo período atrás das grades, a careira política de Lula receberá a pá de cal definitiva. Afinal, a cova foi aberta com as delações dos ex-executivos da Odebrecht e de José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS.