Alvo da Lava-Jato, caciques do PSDB já perceberam que candidatura de João Doria em 2018 é a solução

Após a cúpula do PSDB ter sido alcançada pelas investigações da Operação Lava-Jato, tucanos de fina plumagem decidiram rever o discurso político e adequar a legenda à realidade de um momento em que o eleitorado exige combate implacável à corrupção.

Longe da linha de frente da política desde que deixou o Palácio do Planalto, em 31 de dezembro de 2002, Fernando Henrique Cardoso tem se limitado a emitir alguns palpites, muitos deles desastrosos, e apaziguar os ânimos quando o tucanato entra em ebulição.

Espécie de “rainha da Inglaterra” dentro do PSDB, FHC parece ter compreendido o atual cenário político, deixando de lado o discurso em prol dos tucanos com pedigree. Em entrevista ao jornal “Folha de S. Paulo”, Fernando Henrique afirmou que o prefeito da capital paulista, João Doria, e o apresentador Luciano Huck representam “o novo” na política.

Cansado do serpentário em que se transformou a política brasileira nas últimas décadas, o eleitorado nacional, mesmo que tardiamente, decidiu rechaçar os chamados políticos profissionais, que fazem do mandato eletivo uma senha para a corrupção sistêmica.

Diante desse quadro, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que começava alçar voo rumo à corrida presidencial quando foi alvejado por delatores Lava-Jato, parece ter mudado de ideia. Para não perder espaço dentro do partido, Alckmin volta a apostar em seu afilhado político e endossa as palavras de FHC sobre Doria.


“Estou plenamente de acordo com o presidente Fernando Henrique. É ótimo termos novos nomes, jovens participando da vida pública”, declarou o governador durante coletiva no Palácio dos Bandeirantes.

“A pior política é a omissão. Temos o dever de estimular que as pessoas participem da vida pública, deem a sua contribuição. É o que eu faço todo dia”, emendou o governador paulista. Precavido, Geraldo Alckmin preferiu não comentar sobre a possibilidade de os nomes de Doria e Huck servirem para uma disputa presidencial.

É preciso reconhecer que ainda é cedo para falar abertamente sobre sucessão presidencial, cuja eleição acontece em outubro de 2018, mas nos bastidores as negociações já começaram. No PSDB, onde impera a soberba, os flancos de resistência ao nome de Doria serão vencidos com o tempo, missão que Geraldo Alckmin e FHC assumiram com muita antecedência.

Com Alckmin, José Serra e Aécio Neves no caldeirão da Lava-Jato, o PSDB precisa apostar todas as fichas em João Doria, que, além de ser “o novo”, administra a maior cidade brasileira e a segunda mais importante vitrine política do País.

Doria, por sua vez, pediu aos seus secretários e colaboradores para que não tratem do assunto publicamente, mas não há como negar que o alcaide paulistano já tem o Palácio do Planalto na alça de mira.

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