‘Prévia’ do PIB sobe 1,1% no 1º trimestre, mas desemprego continua ameaçando a economia

A notícia de que a atividade econômica brasileira cresceu no primeiro trimestre deste ano precisa ser encarada com cautela. Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado na segunda-feira (15), em Brasília, registrou avanço de 1,12% de janeiro a março, na comparação com o último trimestre de 2016.

O Brasil entrou em “recessão técnica”, quando a economia registra dois trimestres seguidos de contração do Produto Interno Bruto (PIB), no segundo trimestre de 2015, quando houve recuo de 1,9% da atividade econômica.

Em tese o IBC-Br divulgado na segunda-feira mostra que o País saiu da maior recessão econômica da história, com registro de retração nos dois últimos anos. Em 2015, o Produto Interno Bruto (PIB), indicador oficial calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve queda de 3,8%. No ano passado, o PIB encolheu 3,6%.

No caso de o IBGE confirmar o resultado positivo no primeiro trimestre deste ano, o Brasil terá interrompido uma série de oito trimestres consecutivos de queda no nível de atividade econômica. Apesar do número positivo, as comemorações devem ser deixadas de lado, pois o cenário econômico não é tão animador quanto anunciam as autoridades.

Não há mágica na economia capaz de reverter uma grave crise sem a adoção de medidas por parte do governo, a começar por investimentos em infraestrutura. Tão logo o índice do Banco Central foi divulgado, o UCHO.INFO conversou com empresários de vários setores, inclusive o de alimentação. A extensa maioria afirmou que ainda não consegue perceber esse aludido otimismo no mercado.


No setor de confecções, o desânimo dos empresários ainda persiste. Grandes redes de lojas reduziram drasticamente os pedidos aos fabricantes, que por sua vez precisaram adequar a estrutura de produção para não perder clientes.

Entre os nossos interlocutores foi unânime a percepção de que a economia só retomará o caminho do crescimento à sombra da geração de empregos. Como o desemprego continua em alta, falar em melhora da atividade econômica é precipitado.

Os recentes números do comércio varejista, em especial os relativos ao Dia das Mães, a principal data do setor depois do Natal, não pode ser considerados um sinal da retomada do crescimento. É importante recordar que uma pequena parte do dinheiro das contas inativas do FGTS migrou para o comércio, mas isso não é um fator permanente de estímulo à economia. Em suma, o anunciado crescimento da atividade econômica precisa mostrar que é sustentável. Algo que está longe de acontecer.

Ademais, o governo do presidente Michel Temer ainda depende do Congresso Nacional para aprovar as reformas trabalhista e previdenciária. Esta última teve o projeto palaciano descaracterizado a ponto de quase comprometer os planos do governo.

Como se não bastasse, o governo luta para que a Medida Provisória do Refis não seja igualmente modificada. O projeto que daria ao governo recurso extra no montante de R$ 8 bilhões em poucos meses, está sendo modificado e pode acabar geando um prejuízo da ordem de R$ 23 bilhões aos cofres federais.

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