Novela da “mala da felicidade” continua e Rocha Loures devolve R$ 35 mil que restavam da propina

A epopeia da “mala da felicidade”, encenada pelo deputado federal afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), é uma tremenda farsa e confirma matéria do UCHO.INFO publicada em 23 de maio. Filmado pela Polícia Federal deixando uma conhecida pizzaria da capital paulista carregando uma mala com R$ 500 mil, Loures, homem de confiança do presidente Michel Temer, devolveu à autoridades, dias atrás, a “cornucópia” que lhe foi enviada pelo empresário Joesley Batista, dono do grupo JBS.

O dinheiro era parte de uma propina que deveria ser paga semanalmente durante vinte anos, tendo como contrapartida a solução de assuntos de interesse do grupo empresarial junto ao governo federal. Se o valor total da propina, R$ 480 milhões, de fato é esse, quem pagou não conhece o talento (sic) de Rocha Loures. Ademais, só mesmo desavisados seriam capazes de selar um acordo dessa natureza, principalmente pelo prazo de duração da propina, que mais parece um carnê do crime.

Ao receber a mala com o dinheiro fruto da corrupção, a PF descobriu que o valor restituído, R$ 465 mil, não correspondia ao montante mencionado nas delações de Joesley Batista e de Ricardo Saud, executivo do JBS. Tão logo surgiu a notícia de que o valor devolvido não batia com o recebido, o UCHO.INFO afirmou que se tratava de uma escandalosa armação.

Nesta quinta-feira (25), o advogado de Loures, o criminalista José Luís de Oliveira Lima (ex-defensor de José Dirceu), informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que depositou em juízo os R$ 35 mil faltantes. Porém, Lima não esclareceu se o valor devolvido hoje também estava na fatídica mala. O UCHO.INFO continua insistindo na tese de que os R$ 465 mil devolvidos inicialmente não estavam na “mala da felicidade”.

Na opinião deste portal, o dinheiro recebido por Rocha Loures em uma pizzaria paulistana foi repassado ao destinatário final na própria cidade de São Paulo. Como, diante do escândalo JBSgate, o Palácio do Planalto decidiu atirar Loures aos leões, como forma de tentar salvar Michel Temer, a saída encontrada pelo deputado afastado foi devolver o dinheiro recebido em forma de propina.

O erro de Rocha Loures foi correr para devolver o produto do crime, sem se preocupar com detalhes. O outrora assessor de Temer mora em Curitiba, onde a família controla uma conhecida e grande empresa do setor de alimentos (Nutrimental). Se Loures retonou à capital paranaense em voo comercial, o que deve ter ocorrido, a tal “mala da felicidade” teria de passar pelo sistema de raio-X do aeroporto de Congonhas. E nessa checagem a mala já teria sido retida pelas autoridades. Como isso não aconteceu, fica evidente que o dinheiro foi entregue a alguém na capital paulista.

Supondo que Loures tenha conseguido burlar a vigilância do aeroporto de Congonhas, ao retornar a São Paulo, saindo de Curitiba, para devolver o dinheiro da corrupção, a mesma mala teria de passar por idêntico procedimento de checagem. O que colocaria o peemedebista em situação de dificuldade.

Considerando que o advogado de Rocha Loures devolveu a mala à Polícia Federal em São Paulo, o mesmo poderia ter sido feito em Curitiba, onde a PF também tem sua sede. Isso não foi feito porque a tal mala estava em São Paulo, sem o dinheiro da propina, e a devolução precisava acontecer com o mesmo objeto.

Mais uma vez fica claro que o dinheiro da corrupção foi entregue a Loures em bairro nobre da capital paulista e, sem sair da maior cidade Brasileia, chegou às mãos do destinatário. Exceto a parte que eventualmente cabia ao deputado no malfadado negócio.

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