Alvo de “fogo amigo”, Maria Silvia Bastos Marques deixa a presidência do BNDES; Michel Temer lamenta

Um dos respeitáveis nomes da equipe econômica do governo federal, Maria Silvia Bastos Marques, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pediu demissão nesta sexta-feira (26). Maria Silvia alegou motivos pessoais para deixar o cargo. Em comunicado, ela afirma que deixa o comando do BNDES “com orgulho de ter feito parte da história da instituição”. A executiva assumiu o cargo em junho de 2016, mas nos últimos meses tornou-se alvo do chamado “fogo amigo”.

O presidente Michel Temer agradeceu à executiva e afirmou, em nota, que Maria Silvia presidiu o banco de fomento “de forma honesta, competente e séria”. Em meio às críticas da classe empresarial de que a agora ex-presidente do BNDES adotou medidas administrativas duras no banco, dificultando ainda mais o acesso ao crédito subsidiado pelo governo, a nota presidencial ressalta que o trabalho de Maria Silvia “honrou o governo e moralizou um setor estratégico para o País”.

“Despolitizando a relação com o setor empresarial e elegendo critérios profissionais e técnicos para a escolha de projetos a serem contemplados com financiamentos oriundos de recursos públicos”, destaca a nota. “Deixará como legado um modelo a ser seguido em toda máquina pública”.


Temer reuniu-se com Maria Silvia às 14h30 desta sexta-feira, em compromisso incluído especialmente na agenda presidencial. Em seguida, o BNDES divulgou comunicado oficial informando sobre a saída da executiva. Servidor de carreira do BNDES e diretor de operações indiretas, Ricardo Ramos assumirá interinamente a presidência do banco.

A saída de Maria Silvia acontece na esteira da crise deflagrada pela Operação Bullish, da Polícia Federal, que investiga fraudes e irregularidades em aportes feitos pela instituição, através do BNDESPar, ao Grupo JBS por meio de ações do ex-ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), preso na Operação Lava-Jato e prestes a selar acordo de delação premiada.

A PF suspeita que coube a Palocci, através da sua empresa de consultoria (Projeto), transformar o frigorífico dos irmãos Wesley e Joesley Batista na maior processadora de proteína animal de carnes do planeta.

Por conta da Operação Bullish, diversos funcionários do BNDES foram alvo de condução coercitiva, prática criticada dentro da instituição. Maria Silva Bastos Marques condenou a ação e saiu em defesa dos funcionários do banco.

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