A taxa de desemprego no País foi estimada em 13,6% no trimestre móvel encerrado em abril (fevereiro a abril), ficando 1 ponto percentual acima da taxa do trimestre imediatamente anterior (novembro a janeiro), quando havia fechado em 12,6%. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (31), no Rio de Janeiro, e fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Pnad Contínua.
Com a alta do índice de desemprego no último trimestre, a população desocupada em abril chegou a 14 milhões, alta de 8,7% em relação ao trimestre encerrado em janeiro. Assim, houve acréscimo de 1,1 milhão de pessoas no número de desempregados.
Carteira assinada
Entre as 14 milhões de pessoas que perderam o emprego entre os trimestres encerrados em janeiro e em abril, 572 mil fazem parte do contingente com emprego formal, ou seja, com carteira de trabalho assinada.
Os dados da Pnad Contínua indicam que havia em abril, por ocasião do fechamento do trimestre móvel, 33,3 milhões de pessoas com carteira assinada, queda de 1,7% na comparação com o trimestre de novembro a janeiro, quando havia 33,9 milhões de pessoas com carteira assinada.
Na comparação ao trimestre de fevereiro a abril de 2016, a queda é de 3,6%, o que significa que em um ano aproximadamente 1,2 milhão de pessoas com carteira assinada perderam emprego.
Rendimento médio real
Apesar do avanço da taxa de desemprego, a maior da história do País, o rendimento médio real pago ao trabalhador brasileiro vem se mantendo estável, tanto em relação ao trimestre encerrado em janeiro quanto ao mesmo período do ano anterior.
Os dados da Pnad Contínua indicam que o rendimento médio real habitualmente recebido em todos os trabalhos no trimestre fechado em abril era de R$ 2,107 mil; no trimestre móvel finalizado em janeiro o valor era de R$ 2,095 mil; e de R$ 2,052 mil em igual trimestre do ano passado.
Também a massa de rendimento real habitualmente recebida em todos os trabalhos ficou estável no trimestre fechado em abril: R$ 183,3 bilhões; no semestre encerrado em janeiro era de R$ 183,5 bilhões; e frente ao mesmo trimestre do ano anterior, de R$ 181,2 bilhões.
Salário ideal
Enquanto o rendimento médio do trabalhador brasileiro gravita na órbita dos R$ 2 mil, o salário mínimo vigente é de míseros R$ 937. Os dados da PNAD contínua mostram que boa parte da população economicamente ativa recebe pouco mais de dois salários mínimos, valor que em um país em crise serve para quase nada. O cenário torna-se ainda mais preocupante quando considerado o fato de o salário mínimo é muito para quem paga e pouco para quem recebe. Ou seja, a economia nacional continua com sérios problemas.
Por outro lado, reforçando os números da crise econômica, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) definiu como salário ideal, em abril, o valor de R$ 3.899,66. Em suma, o dobro da remuneração média nacional. Esse valor, segundo o DIEESE, é o mínimo necessário para garantir a subsistência do trabalhador.
O Palácio do Planalto continua apostando na melhora dos índices econômicos como forma de espantar a crise política que vem chacoalhando o governo de Michel Temer, mas é preciso ressaltar que no país em que um pastel custa absurdos R$ 6 é impossível abusar do otimismo. O que não significa que devamos dar espaço ao pessimismo. Apenas é preciso ser realista e consciente. (Com ABr)