Lava-Jato: possibilidade de Palocci delatar o banqueiro André Esteves, do BTG, tira o sono do alarife Lula

A situação do ex-presidente Lula, o falso perseguido do Petrolão, piora com o passar dos dias e no vácuo de decisões da Justiça. Disposto a contar tudo o que sabe, Renato Duque, ex-diretor da Petrobras, reuniu documentos e elaborou uma cronologia dos fatos para provar que Lula mentiu acerca dos encontros entre ambos.

Com a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de negar a Duque os mesmos benefícios concedidos a José Dirceu, que cumpre prisão domiciliar, o ex-dirigente da estatal avançou ainda mais em seu acordo de colaboração premiada. O que certamente dificultará o trabalho dos caros advogados responsáveis pela defesa do ex-metalúrgico.

O cenário piorou sobremaneira nas últimas horas porque o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, negou, nesta quarta-feira (31), pedido de habeas corpus impetrado pelos advogados de Antonio Palocci Filho, preso desde 26 de setembro de 2016 por determinação do juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos decorrentes da Operação Lava-Jato.

Com a decisão, o caminho para Palocci deixar o cárcere é a delação. A negociação do acordo de colaboração vinha em ritmo lento, mas agora o petista deve acelerar o passo. Isso porque os integrantes da força-tarefa da Lava-Jato acenaram com a possibilidade de prisão domiciliar, desde que o ex-ministro da Fazenda confirme a delação de Marcelo Odebrecht contra Lula.


A delação de Antonio Palocci é temida em vários setores, especialmente porque o petista deve envolver não apenas políticos graúdos e com foro privilegiado, mas destacados empresários e integrantes do Judiciário. O que explica a intensa movimentação nos bastidores do Judiciário para mudar as regras da delação.

Entre os não políticos que deverão ser denunciados por Palocci estão o empresário Abílio Diniz e o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual. Em relação a Diniz, a denúncia seria sobre as manobras do empresário para manter-se no comando do Grupo Pão de Açúcar enquanto trava intensa queda de braços com o grupo francês Casino.

O problema maior está na eventual acusação contra André Esteves, preso preventivamente pela Polícia Federal em novembro de 2015, no escopo da Lava-Jato, mas colocado em prisão domiciliar um mês depois.

Os motivos que embasaram a decretação da prisão de André Esteves são desconexos, mas há muitos pontos mal explicados nessa epopeia criminosa. Independentemente de quais sejam os motivos, fato é que Lula tem razões de sobra para se preocupar com a eventual delação de Palocci contra o banqueiro do BTG. Se o ex-presidente já não consegue dormir direito, como relatou durante depoimento à Justiça, a partir dessa delação a insônia será ainda mais intensa.

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