TSE: Gilmar Mendes muda comportamento, mas emenda saiu pior do que o soneto a favor de Temer

Acostumado apenas ao protagonismo no âmbito do Judiciário, o ministro Gilmar Mendes vem abusando do histrionismo desde a primeira sessão do julgamento da chapa Dilma-Temer, acusada de abuso de poder político e de poder econômico. E por conta disse vem protagonizando um espetáculo pífio e decadente no plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Sem se preocupar com a repercussão junto à opinião pública de seu comportamento escandalosamente favorável ao presidente da República, o que suscita desconfianças das mais diversas, Gilmar não perdeu uma oportunidade sequer para atropelar o entendimento do ministro Herman Benjamin, relator da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo (AIME). Em muitos momentos, o relator teve a sua fala invadida pelos devaneios do presidente do TSE.

Nesta quinta-feira (8), logo após a pausa para o almoço, o ministro Gilmar Mendes reabriu a sessão e tomou a palavra para um discurso malemolente, cujo objetivo foi colocar água fria na fervura que se formou a partir de sua canhestra atuação no julgamento.

Como se fosse uma pessoa dócil e gentil, acostumada a aceitar o contraditório com tranquilidade e lhaneza, Gilmar Mendes extrapolou na hipocrisia ao afirmar que com o “coração dolorido” por divergir do relator. Mendes, que divergiu de Benjamin desde o primeiro instante da reta final do julgamento, fez tal afirmação após, mais uma vez, defender a não inclusão dos depoimentos de Marcelo Odebrecht, João Santana e Mônica Moura no processo.


Em meio a repentina e surpreendente “rasgação de seda”, Gilmar novamente esforçou-se para mostrar à opinião pública que sua divergência não é razão para abalar a amizade de trinta anos com o relator. “Nem vou falar aqui das aventuras que tivemos”, disse o presidente do TSE a Herman Benjamin, acrescentado que ambos viajaram juntos, em um avião monomotor, à cidade termal Águas de São Pedro, no interior paulista.

Em dado momento, rebatendo as acusações que lhe fizeram alguns ministros do TSE, o ministro-relator deu um basta nas discussões ao afirmar: “Eu fico até constrangido de dizer onde este processo não andou. Em três meses, ouvi mais de 50 testemunhas”.

O inesperado “bom-mocismo” de Gilmar Mendes não foi fruto de arrependimento e muito menos obra do acaso. Possivelmente informado por assessores de que era desastrosa a repercussão de suas intervenções, sempre truculentas em termos verbais, nas redes sociais e junto à opinião pública, o ministro Gilmar, sempre à procura de um holofote acompanhado de microfone, decidiu maneirar em sua fala.

A questão é que aqueles que o conhecem e estão acostumados com o rito de julgamento sabem que a repentina mudança de comportamento não surtiu o efeito esperado. Especialmente porque a imprensa passou a reproduzir a inusitada “fala mansa” de Gilmar Mendes. Em suma, a emenda de Gilmar ficou muito pior do que o soneto em favor de Michel Temer.

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