A Justiça brasileira continua concedendo privilégios a corruptos que consideram a privação da liberdade um ato desmedido. Flagrado pela Polícia Federal recebendo, na capital paulista, uma mala com R$ 500 mil em dinheiro, fruto de propina paga pelo Grupo J&F, o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), então assessor do presidente da República, foi autorizado a deixar o Complexo Penitenciário da Papuda, no Distrito Federal, diante de relatadas ameaças.
Rocha Loures será transferido para a carceragem da PF em Brasília, onda permaneceu preso antes de ser levado à Papuda. A decisão foi tomada pelo ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que atendeu a um pedido da defesa do peemedebista.
No pedido de transferência, os advogados de Loures ressaltaram “ameaças diretas e indiretas” feitas ao ex-deputado por causa de notícias publicadas na imprensa acerca de possível acordo de colaboração premiada. No documento, a defesa relatou que, no último dia 8, o pai de Rodrigo Rocha Loures recebeu telefonema de um conhecido da família avisando que o ex-deputado corria risco de vida caso não concordasse com a delação.
Ao STF, os advogados de Loures também destacaram que o interior das prisões é local “propício para se encaminhar ‘um matador’” e, portanto, solicitavam a prisão domiciliar do cliente, além de segurança para a família por agentes da Polícia Federal.
Na decisão, o ministro Fachin considerou que, mesmo diante da ausência de provas sobre o aludido risco de vida, as alegações da defesa são graves e pediu apuração do Ministério Público. O ministro negou o pedido de prisão domiciliar, mas determinou que a PF garanta a integridade física de Rocha Loures.
Esse pedido é uma armação desmedida, pois nas mesmas condições encontram-se milhares de presos em todo o País. A estratégia foi a saída encontrada para que o ambiente prisional não encurtasse o caminho que poderia levar Rocha Loures à delação.
Considerando que o advogado do ex-deputado é ligado ao ministro Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil da Presidência, tudo é possível dentro de um governo que corre o risco de desaparecer no rastro de escândalos de corrupção.