Morre no Rio de Janeiro, aos 63 anos, o jornalista Jorge Bastos Moreno; jornalismo político está de luto

Pessoas são insubstituíveis, o que explica as lacunas que permanecem vazias por todo o tempo. A vida segue, o cotidiano atribulado atua como anestésico da lembrança, mas a falta de seres humanos imprescindíveis é algo marcante e que faz cada um pensar. Assim é e sempre será Jorge Bastos Moreno, o jornalista que transitava no meio político nacional com tamanha intimidade e peculiaridade que sua atuação chegava a ser uma aula.

Sagaz e bem humorado, Jorge Moreno despediu-se da vida na madrugada desta quarta-feira (14), aos 63 anos, vítima de edema pulmonar agudo provocado por problemas cardiovasculares. Dono de texto preciso e simultaneamente crítico, Moreno sabia mesclar equilíbrio com contundência.

Vencedor do Prêmio Esso de Jornalismo, Jorge Moreno estava na profissão há mais de 40 anos e dedicava-se à cobertura política. No jornal O Globo, onde mantinha o “Blog do Moreno”, o jornalista era fonte de consulta de muitos profissionais de comunicação que têm a política como cardápio do cotidiano.


Em março passado, Moreno lançou o livro “Ascensão e queda de Dilma Rousseff”, baseado em mensagens de Twitter. Também é autor do livro “A história de Mora – a saga de Ulysses Guimarães”, de 2013.

Dono de memória tão invejável quanto impecável, Moreno era um arquivo ambulante sobre a política brasileira e seus meandros. Tinha sempre uma história ou estória para contar, o que fazia a alegria dos que com ele conviviam.

Um de seus primeiros furos jornalísticos, destaca o jornal O Globo, foi durante a ditadura militar, quando antecipou a nomeação do general João Baptista de Oliveira Figueiredo como sucessor de Ernesto Geisel na Presidência da República. A notícia foi publicada no “Jornal de Brasília”, onde Moreno começou como estagiário. Ele foi diretor da sucursal de O Globo em Brasília e também passou pelo Jornal do Brasil e pela revista Veja.

O corpo do jornalista será velado no cemitério São João Batista, em Botafogo, Zona Sul do Rio de Janeiro, a partir das 13h30. A família ainda não decidiu se Moreno será sepultado na capital fluminense ou em Cuiabá, onde nasceu.

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