A aprovação da reforma trabalhista, proposta pelo governo do presidente Michel Temer e um dos pilares do projeto de ajuste fiscal e de retomada do crescimento econômico, era tida como certa, mas o Palácio do Planalto começa a se preocupar com a possibilidade de revés. Isso porque a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado Federal rejeitou por 10 votos a 9, nesta terça-feira (20), o relatório do senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES). Com a rejeição do relatório de Ferraço, a CAS aprovou, em votação simbólica, relatório em separado do senador Paulo Paim (PT-RS).
O relatório de Paim acompanhará o projeto que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O texto seguirá para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o relator é o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Se aprovado, o relatório irá à votação no plenário do Senado.
O resultado da votação surpreendeu o presidente Michel Temer, que em Moscou convocou os jornalistas brasileiros para minimizar o que já está sendo rotulado como uma preocupante derrota do governo. Temer disse que na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e no plenário do Senado o governo sairá vitorioso por margem elástica.
Entre o que fala o presidente e seus assessores e a realidade dos fatos há uma considerável diferença. Isso porque a crise política cresce de maneira assustadora e compromete a coesão da chamada base aliada, onde alguns integrantes começam a votar contra os interesses do governo.
Como antecipou o UCHO.INFO, senadores e deputados da base aliada afirmaram ao editor que a reforma trabalhista será aprovada com certa folga, mas a da Previdência dificilmente tem condições para avançar. Isso porque, segundo nossos interlocutores, não há clima político para aprovar a reforma previdenciária. Considerada uma matéria impopular, mesmo sendo necessária, a reforma da Previdência pode refletir negativamente nas urnas das eleições de 2018.
Com o resultado da votação na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, a viagem de Michel Temer à Rússia e à Noruega perde conteúdo, pois querer atrair investimentos para o Brasil diante de um cipoal de incertezas econômicas é tarefa quase impossível.
Na esteira da derrota do governo nesta terça-feira, o mercado de câmbio reagiu logo após a votação na Comissão de Assuntos Sociais e o dólar iniciou trajetória de alta, chegando a R$ 3,34. Ao final dos negócios, a moeda norte-americana estava valendo R$ 3,33, alta de 1,4%.