Lava-Jato: condenação de Palocci à prisão acende a luz vermelha na cúpula do PT e assusta Lula

Responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro condenou, nesta segunda feira (26), o petista Antonio Palocci Filho a 12 anos, 2 meses e 20 dias de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Palocci foi condenado por negociar com a Odebrecht propinas em favor do PT, tendo como contrapartida contratos com a Petrobras.

De acordo com a decisão judicial, que reverberou o conteúdo das investigações e dos depoimentos de alguns delatores da Lava-Jato, do montante de propina negociado, US$ 10,2 milhões foram repassados aos marqueteiros Monica Moura e João Santana, que atuaram em campanhas eleitorais do PT. Cabe recurso, que deverá ser apresentado ao Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4), com sede em Porto Alegre, onde as sentenças de Moro têm sido aumentadas.

Na sentença, o juiz Sérgio Moro proibiu o ex-ministro (Fazenda e Casa Civil) de exercer cargo ou função pública e de dirigir empresas do setor financeiro pelo dobro do tempo da pena. Ou seja, durante 25 anos. O magistrado determinou também o bloqueio de valor correspondente a US$ 10,2 milhões, a ser corrigido pela inflação e agregado de 0,5% de juros simples ao mês.

Antonio Palocci Filho foi preso na Operação Omertà, 35ª fase da Lava-Jato, em 26 de setembro de 2016. Preso no Paraná desde então, Palocci, em depoimento à Justiça, sinalizou com a possibilidade de colaborar com as investigações, mas pode ter sido uma mensagem cifrada aos “companheiros”, para que esses tentassem reverter sua prisão preventiva.

Com a condenação desta segunda-feira, Antonio Palocci dá mais alguns significativos passos na direção de um acordo de colaboração premiada, algo que, se confirmado, recolocará o PT no olho do furacão. À sombra da delação da JBS, em que Lula foi visível e escandalosamente poupado pelo empresário Joesley Batista, o Partido dos Trabalhadores vinha tentando ressurgir das cinzas, mas ao que tudo indica a fogueira deve reacender a qualquer momento.

No caso de Palocci aderir à delação, a situação de muitos “caciques” petistas piorará sobremaneira, pois o ex-ministro não apenas atuou em nome do governo de Lula e Dilma junto ao empresariado para a coleta de propinas, mas também e principalmente no mercado financeiro. Foi por meio da empresa Projeto Consultoria que Palocci conseguiu encher o bolso e os cofres do PT com prestação de serviços que resumiam-se à emissão de notas fiscais, cujos talonários o editor do UCHO.INFO pode conferir. Fora isso, a pena imposta ao ex-ministro assusta a defesa de Lula, que nos próximos dias poderá ser condenado no caso do polêmico triplex do Guarujá.


Outros doze réus foram condenados na mesma ação penal, alguns dos quais com acordo de colaboração premiada já homologado, o que faz com que as penas de reclusão sejam apenas ato de ofício. Foram absolvidos por falta de provas: Branislav Kontic, ex-assessor de Palocci, e Rogério Santos de Araújo, ex-executivo da Odebrecht. Confira abaixo os nomes dos réus condenados:

Confira abaixo os nomes dos réus condenados e as respectivas penas:

Antonio Palocci Filho, ex-ministro: corrupção passiva e lavagem de dinheiro – 12 anos, 2 meses e 20 dias de reclusão;

João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT: corrupção passiva – 6 anos de reclusão;

Eduardo Costa Vaz Musa, ex-gerente da área Internacional da Petrobras: corrupção passiva – 2 anos no regime aberto diferenciado, conforme acordo de delação;

Marcelo Bahia Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht: corrupção ativa e lavagem de dinheiro – 10 anos de reclusão, conforme o acordo de delação;

Mônica Moura, marqueteira do PT: lavagem de dinheiro – 4 anos e 5 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

João Santana, marqueteiro do PT: lavagem de dinheiro – 4 anos e 5 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

Renato Duque, ex-diretor da Petrobras: corrupção passiva – 5 anos e 4 meses de reclusão;

João Ferraz, executivos da Sete Brasil: corrupção passiva, pena suspensa pelo acordo de delação.

Fernando Migliaccio da Silva, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro – 4 anos e 6 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro – 4 anos e 6 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

Luiz Eduardo da Rocha Soares, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro – 6 anos e 9 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

Olívio Rodrigues, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro – 7 anos e 6 meses de reclusão, conforme acordo de delação;

Marcelo Rodrigues, ex-executivo da Odebrecht: lavagem de dinheiro – 3 anos de reclusão e 2 anos de serviço à comunidade, conforme acordo de delação.

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