Granadas foram lançadas contra o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela e tiros foram disparados contra o Ministério do Interior num ataque realizado nesta terça-feira (27), em Caracas, a partir de um helicóptero sequestrado. Não foram registrados feridos.
O presidente Nicolás Maduro classificou o incidente como “terrorista e golpista”, mas tudo não passa de exacerbação discursiva de um ditador truculento que não aceita a ideia de liberdade democrática. O tiranete bolivariano afirmou que investigará possíveis vínculos com a CIA – repetindo o discurso chavista de que os americanos estariam por trás de um plano para derrubar o governo. A Venezuela está derretendo à sombra de um regime totalitarista, mas Maduro insiste em culpar os EUA;
O ministro da Comunicação e Informação, Ernesto Villegas, disse que o helicóptero foi furtado da base militar de La Carlota, em Caracas, por um inspetor adstrito à divisão de transporte aéreo da polícia científica (CICPC), identificado como Óscar Pérez. O autor do ataque segue em fuga.
Em discurso, transmitido obrigatoriamente pela rádio e televisão, Villegas afirmou que a aeronave sobrevoou a sede do Ministério do Interior, no centro da capital, e “efetuou cerca de 15 disparos contra o edifício”, enquanto no terraço ocorria uma recepção com cerca de 80 pessoas.
O helicóptero seguiu depois para o Supremo Tribunal, “onde foram efetuados disparos e lançadas pelo menos quatro granadas, de origem colombiana e fabricação israelense, das quais uma não explodiu e foi recolhida”, disse o ministro.
Ernesto Villegas sublinhou que as Forças Armadas e as instituições de segurança do Estado foram destacadas para capturar o autor do duplo ataque e recuperar a aeronave, exortando os cidadãos a comunicar qualquer informação que tenham sobre o paradeiro do helicóptero e de Pérez.
Pérez foi fotografado a bordo do helicóptero com uma faixa na qual se lia “350 liberdade”, alusão ao artigo da Constituição venezuelana que convoca a abnegar “qualquer regime” que viole garantias democráticas. Posteriormente, Pérez publicou no Instagram vídeos nos quais pede a renúncia de Maduro.
“Somos um agrupamento de militares, policiais e civis em busca de equilíbrio e contra este governo transitório criminal. Não pertencemos a nenhuma tendência política ou partidária. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas”, destaca um trecho da mensagem de Pérez.
O governo venezuelano afirmou que o incidente se trata de uma ação conspiratório executada pelos Estados Unidos. De acordo com Villegas, estes ataques são parte de uma “escalada golpista contra a Constituição e suas instituições”.
Ele afirmou que Pérez está sendo investigado por seus “vínculos com CIA” e a embaixada dos EUA, “assim como seus vínculos com um ex-ministro do Interior, que recentemente confirmou publicamente seus contatos com a CIA”, disse Villegas, referindo-se a Miguel Rodríguez Torres, que tem se manifestado contra o governo chavista.
Segundo Caracas, Pérez é piloto de Torres. O ex-ministro acusou de “falso” o documento publicado por uma mídia pró-governo que lhe relaciona à agência de inteligência americana.
Maduro ameaça pegar em armas
Mais cedo, antes do ataque com o helicóptero, Maduro disse que o chavismo deveria ir às armas para fazer o que não pode ser feito com votos, caso haja risco de a revolução bolivariana ser destruída.
“Se a Venezuela afundar no caos e na violência, se a revolução bolivariana for destruída, nós iríamos ao combate, nós jamais nos renderíamos e faríamos com as armas o que não se pode fazer com os votos. Libertaríamos nossa pátria com as armas”, disse Maduro durante ato político em Caracas.
O presidente pediu que o mundo escute esse alerta, transmitido em cadeia de rádio e televisão estatal, depois de três meses de protestos que deixaram 76 mortos, e afirmou que seu governo é a “única opção” de paz no país. “Que ninguém se engane: queremos a paz, somos homens e mulheres de paz, mas somos guerreiros”, completou Maduro.
Por outro lado, o líder da oposição, Henrique Capriles, disse que, com essa declaração, Maduro “declarou guerra” aos venezuelanos. (Com agências internacionais)