Após cobrança do UCHO.INFO, surge informação de que JBS usou supermercados para pagar propinas

Há dias, o UCHO.INFO cobrou do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, investigação sobre a forma como os pagadores de propina no âmbito da Operação Lava-Jato conseguiram dinheiro vivo para dar aos corruptos, sem despertar a atenção do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão do Ministério da Fazenda que, entre outras atribuições, analisa saques em dinheiro feitos em dinheiro nos caixas dos bancos.

Em matéria publicada no dia 28 de junho, este portal sugeriu que as investigações começassem pelas propinas pagas pela BBS, já que o empresário Joesley Batista discorreu com excesso de naturalidade sobre o esquema de corrupção que abasteceu centenas de políticos corruptos com dinheiro da corrupção.

Não demorou muito para uma desculpa deslavada surgisse em cena para tentar abafar mais um escândalo, já que na ponta dos saques em dinheiro não comunicados ao Coaf estão os bancos brasileiros, os quais deveriam ser chamados a depor no escopo da Lava-Jato.

De acordo com relato dos delatores da JBS, o esquema de corrupção comandado por Joesley Batista valeu-se de contratos fictícios com escritórios de advocacia, com direito à emissão de notas fiscais não procedentes, e a pequenas redes de supermercados para conseguir o dinheiro vivo repassado aos políticos, em especial a Aécio Neves e Eduardo Cunha.


O poderio das instituições financeiras é enorme, o que explica o intenso e escandaloso lobby do setor no Congresso Nacional e na Esplanada dos Ministérios, mas se o objetivo da Operação Lava-Jato é de fato passar o Brasil a limpo, ninguém deve ser poupado nesse processo de assepsia.

Querer emplacar a tese de que os milhões de reais em propina pagos pela JBS a políticos saíram de supermercados e de escritórios de advocacia é ignorar a capacidade de raciocínio da população.

Em relação aos escritórios de advocacia, se confirmada a informação, o caso deve ser remetido à OAB para que puna exemplarmente cada um dos profissionais envolvidos na aludida farsa. No tocante aos supermercados, é sabido que a extensa maioria das compras é paga com cartão de crédito ou débito, o que reduz o volume de dinheiro vivo nos estabelecimentos e diminui o risco de assalto. Mesmo assim, os donos desses supermercados precisam dar explicações à Justiça.

Rodrigo Janot, que em recente evento da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), em São Paulo, disse que ainda está no cargo e com a caneta na mão, tem o dever de esclarecer esse escândalo, pois é impossível aceitar desculpa tão ousada para mais um crime cometido no escopo da Lava-Jato não apenas pela JBS, mas por todos os envolvidos no maior esquema de corrupção de todos os tempos, o Petrolão.

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