O cinismo da senadora Helena Gleisi Hoffmann, presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, parece se apoiar na crença de que nenhum brasileiro tem memória. Ré por corrupção em ação pena decorrente da Operação Lava-Jato, Gleisi só está solta por ter direito ao foro especial por prerrogativa de função, o malfadado foro privilegiado.
Por outro lado, seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), foi solto pelo suspicaz ministro Dias Toffoli (STF), ex-assessor do “camarada” José Dirceu. Paulo Bernardo é acusado de comandar uma quadrilha que subtraiu mais R$ 100 milhões de servidores federais e aposentados que recorreram a empréstimos consignados por meio do sistema Consist.
Com esses antecedentes, Gleisi Helena acreditou ter o direito de criticar, em artigo assinado, o Poder Judiciário, a quem atribuiu “instabilidade”. Também deu-se ao luxo de atacar o processo de impeachment da “companheira” Dilm Rousseff, presidido pelo ministro Ricardo Lewandowski (STF), notório pela rasgada simpatia pelo PT.
“Há pouco mais de um ano, a presidenta Dilma foi afastada temporariamente do cargo e logo depois, definitivamente, pelo impeachment. Os motivos, todos sabemos muito bem, eram completamente sem fundamento. O Tribunal de Contas da União inventou a história das “pedaladas”, que associadas às denúncias de corrupção contra o PT criaram o caldo para afastar a presidenta”, delirou Gleisi em meio a tantas bizarrices.
De acordo com a petista paranaense, a corrupção planetária do PT, a incompetência criminosa de Dilma, que destruiu a economia do País e produziu 13 milhões de desempregados, é mero detalhe. Tudo seria fruto de um ‘golpe’ contra o partido.
“A verdade é que se formou uma coalizão entre os derrotados nas eleições de 2014 e parte dos então aliados do governo. Aécio Neves e Michel Temer à frente. Na retaguarda, quase todos os setores empresariais de peso. Tudo isso com o suporte da grande mídia, que queria tirar o PT do poder sem aguardar a próxima eleição para tentar novamente”.
Em meio ao festival de sandices, um momento de sinceridade. O PT sonha com o golpe das diretas já, projeto de Lula que prevê sair à frente da sentença do juiz Sérgio Moro pela via das eleições.
“Acredito que Temer tem de sair do governo. Se tivesse um mínimo de dignidade renunciaria e convocaria eleições, antecipando o pleito de 2018, como sugeriu o presidente Lula”.