Se quiser chegar em 2018, PSDB precisa sacramentar a saída de Aécio Neves da presidência do partido

Amargando efeitos colaterais por ter embarcado no conturbado governo de Michel Temer, o PSDB jamais esteve em cima do muro por tanto tempo como agora. Sem saber como fazer para minimizar o estrago, o tucanato finge estarrecimento diante das graves denúncias contra o presidente da República, mesmo que algumas sejam fracas em termos de provas. Mesmo assim, a saída que resta aos tucanos é morrer abraçado a Temer, caso queira chegar em 2018 com algum cacife eleitoral.

Um dos paliativos para essa crise ética e moral que chacoalha o PSDB seria o afastamento definitivo do senador mineiro Aécio Neves da presidência nacional do partido, mas tal solução parece ter sido descartada tucanos de fina plumagem. Isso porque muitos integrantes dos altos escalões do PSDB estão direta ou indiretamente envolvidos em escândalos de corrupção, sendo que uma estocada em Aécio poderia gerar efeito rebote.

Na verdade, o melhor para o PSDB, caso queira disputar a Presidência da República no próximo ano, seria expulsar Aécio Neves do partido, pois não há como negar que o senador mineiro está envolvido em rumoroso escândalo de corrupção. É fato que a Constituição Federal garante que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (Artigo 5º, inciso LVII), mas será impossível para Aécio provar sua inocência.

Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, o tucano João Doria defende o afastamento definitivo de Aécio da presidência do partido, mas prega a permanência do parlamentar mineiro no Senado. É importante ressaltar que o mandato de Aécio Neves termina em 31 de janeiro de 2019 e no próximo ano, caso queira manter o foro privilegiado, terá de concorrer à Câmara dos Deputados, já que perdeu o cabedal político para uma eleição majoritária.


 

“Tenho respeito pelo senador Aécio Neves, mas entendo que, neste momento, o mais adequado para ele é que ele possa se afastar da presidência do PSDB”, afirmou João Doria durante cerimônia de entrega da restauração dos Arcos do Jânio, à margem da Avenida 23 de Maio, no centro da capital. “Entendo que é melhor para o presidente atual, mas espero que ele se mantenha como senador da República”, completou o prefeito paulistano.

“Ele tem o direito de se defender – e tenho certeza de que o fará muito bem -, mas o PSDB precisa seguir o seu caminho, precisa seguir a sua rota. Não pode ficar nessa interinidade ou numa circunstância onde o presidente do PSDB tem de responder pela Lava Jato e ao mesmo tempo pelo PSDB. Não considero isso compatível”, emendou Doria.

A grande questão envolvendo Aécio Neves passa obrigatoriamente pela eleição presidencial de 2018. Ciente de que na condição de denunciado por corrupção passiva sua chance de concorrer ao Palácio do Planalto é nula, Aécio não “venderá” barato essa mudança no comando do partido. A mudança na direção do PSDB implica diretamente na escolha do presidente da legenda, que por enquanto está interinamente sob a batuta do senador Tasso Jereissati.

No caso de Jereissati ser efetivado no cargo, podendo concorrer à reeleição em maio do próximo ano, o senador José Serra terá de mudar de partido caso mantenha o desejo de concorrer à Presidência da República. Afinal, Tasso pende muito mais para o lado do governador Geraldo Alckmin, de São Paulo, do que para Serra. E essa decisão, pelo menos no caso de Serra, terá de ser tomada no máximo em três meses.

 

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