De volta ao Senado, Aécio Neves faz discurso repleto de embustes, desfaçatez e falso moralismo

Em seu retorno ao Senado, após decisão acertada do ministro Marco Aurélio Mello (STF), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) usou a tribuna do plenário para um discurso mentiroso e ousado, como se a Operação Patmos não tivesse reunido provas suficientes para denunciá-lo.

Durante pouco mais de vinte minutos, Aécio tentou provar sua inocência aos poucos parlamentares presentes no plenário, mas as provas colhidas na investigação apontam na direção contrária. Em tom quase messiânico, Aécio abusou da ironia e afirmou: “Retorno com o firme propósito de continuar trabalhando para permitir que o Brasil possa superar suas enormes dificuldades”. O País já estava mergulhado em grave crise, com dificuldades de todos os matizes, quando o senador tucano foi flagrado extorquindo dinheiro do empresário Joesley Batista.

Admitindo ter errado, Aécio Neves afirmou que se deixou envolver em “trama ardilosa” e condenou o fato de seus familiares terem sido usados como “massa de manobra” por pessoas com “ausência de caráter”.

Aécio Neves não tem moral para discursos com esse conteúdo, pois ele próprio procurou o dono da JBS para pedir R$ 2 milhões, dinheiro que, segundo o próprio senador, seria usado para pagar os honorários do advogado que o defende na Operação Lava-Jato. Ora, se o dinheiro tinha destino certo (o advogado), não havia razão para que o montante fosse levado de São Paulo a Belo Horizonte por um assessor do senador Zezé Perrella, que por sua vez depositou o valor na conta bancária de uma empresa do seu filho. Bastava entregar o dinheiro ao advogado e o aludido problema estaria solucionado.


Ainda a questão do dinheiro… Se Aécio Neves enfrentava problemas para custear seu advogado, como ele próprio afirmou em desculpa esfarrapada, contratar um criminalista ainda mais caro para defendê-lo no âmbito da Operação Patmos é no mínimo suicídio financeiro. Ou seja, o enrendo entoado por Aécio é fraco e não fecha.

No tocante à “massa de manobra”, é importante ressaltar que o próprio senador decidiu escalar Frederico Pacheco, seu primo, para receber os R$ 2 milhões, em São Paulo. Também foi de Aécio Neves a decisão de colocar sua irmã, Andrea Neves, no circuito criminoso que resultou em prisão. Andrea conversou com Joesley Batista e acertou o pagamento de R$ 2 milhões, cabendo a Aécio a questão logística da propina.

Sobre pessoas com “ausência de caráter”, Aécio Neves deveria refrescar a memória, já que ele tentou vender a Joesley Batista um apartamento de propriedade da mãe, no Rio de Janeiro, por valor muito acima do praticado no mercado imobiliário carioca. Ademais, Aécio mostrou ser pessoa desprovida de caráter quando, aos risos, disse a Joesley que para receber o dinheiro (R$ 2 milhões) era necessário escolher alguém que pudesse ser morto antes de eventual delação. E o escolhido foi o primo de Aécio.

Aécio Neves usou o mandato parlamentar para delinquir, goste o senador ou não, mas querer que a opinião pública acredite nessa avalanche de mitomania é excesso de confiança. O presidente licenciado do PSDB é figura menor, que só cresceu na política nacional à sombra do cadáver do avô, Tancredo Neves.

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