Futuro incerto de Michel Temer revela dois caminhos que tornam o Brasil refém da classe política

Com a crise política que cresce de forma assustadora, o Brasil encontra-se diante de um complexo dilema, o qual envolve diretamente o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Acusado de corrupção passiva pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer agora depende da base aliada, a quem distribuiu cargos amais não poder, para escapar da denúncia que pode lhe ejetar do cargo.

É na incerteza que paira sobre a decisão no âmbito da denúncia da PGR que o Brasil torna-se refém mais uma vez da classe política. De um lado estão políticos interessados em ascender ao principal gabinete do Palácio do Planalto a reboque de novo grupo, caso do atual presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que age nos bastidores para ver Temer fora do cargo. O movimento não é escancarado, mas ao mesmo tempo não é tão discreto quanto se imagina.

Essa estratégia tem como explicação a possibilidade de Maia chegar ao posto máximo da política nacional, situação que ele sequer sonhou até mesmo no mais delirante devaneio. Tal cenário pode explicar a escolha do relator da denúncia na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), muito ligado a Rodrigo Maia e ao seu pai, César Maia. Membro de família de conhecidos juristas e magistrados, Zveiter tem o dever moral de emitir parecer técnico a respeito do caso, ou seja, considerar a denúncia uma piada de péssimo gosto da PGR. Porém, a política tem situações inexplicáveis.

Com a eventual chegada de Rodrigo Maia, um conhecido incompetente, ao Palácio do Planalto, a tentativa de reeleição é tida como certa. Especialmente porque Maia conta com o apoio de parte do empresariado nacional, que aposta na ascensão do democrata à Presidência para aprovar medidas favoráveis à economia. Contudo, não se pode esquecer que Rodrigo maia só chegou à presidência da Câmara com o apoio do Partido dos Trabalhadores, que por questões obvias continuará cobrando a fatura.


Por outro lado, a léguas de distância dos olhares da opinião pública, outro grupo político trabalha em direção oposta, não obrigatoriamente a favor de Michel Temer. A estratégia desse grupo é fazer Temer sangrar politicamente até o final do mandato, que encerra-se em 31 de dezembro de 2018, situação que em tese abriria caminho para os abutres com mandato chegarem ao Palácio do Planalto por meio do voto popular.

O que parece complexo é simples e precisa apenas que seja cumprido o que determina a legislação vigente. O plano consiste em deixar Michel Temer no cargo, dificultando de todas as maneiras a aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, engrenagens indispensáveis para o cumprimento da meta fiscal e a retomada da economia. Sem esse conjunto, o governo será obrigado a cortar despesas e investimentos para cumprir a meta fiscal. Caso contrário, o Brasil estaria novamente de um crime de responsabilidade por parte do presidente da República.

Traduzindo, a estratégia é fazer com que tudo dê errado para o governo, desde que Michel Temer permaneça no Palácio do Planalto como um fantoche a preservar o pouco que lhe restou do currículo. Eis o intento de um grupo político que reúne não apenas os coléricos da atual oposição, mas integrantes da base aliada, que na verdade é proxeneta do governo. O plano avança nas coxias do Legislativo, sem que a população aperceba-se do esquema rasteiro. Afinal, os discursos a favor e contra o governo continuam sendo vociferados com a peçonha e a desfaçatez costumeiras.

Em suma, os alarifes de plantão pretendem criar um cenário de terra arrasada para viabilizar o surgimento de um salvador da pátria. Um perigo enorme, que o Brasil já experimentou com Fernando Collor de Mello.

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