Dissimulado e presunçoso, Lula abusa do deboche ao falar da condenação e tenta ressuscitar a “jararaca”

(Miguel Schincariol – AFP)

Em 4 de março de 2016, após desnecessária condução coercitiva e depoimento à força-tarefa da Operação Lava-Jato, no setor de autoridades do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o ex-presidente Lula, dramaturgo do Petrolão, abusou das figuras de linguagem e disparou: “Se quiseram matar a jararaca, não fizeram direito, pois não bateram na cabeça, bateram no rabo, porque a jararaca está viva”.

Ignorante conhecido, o que não significa que seja desprovido de inteligência, Lula costuma abusar do deboche na tentativa de intimidar subliminarmente seus adversários. Acredita que tal estratégia funciona além do universo do esquerdismo tupiniquim, onde nove entre dez integrantes adulam o responsável pelo período mais corrupto da história nacional.

Dando sequência ao cipoal de bazófias, Lula, em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (13), no centro da capital paulista, disse que “Se alguém pensa que com essa sentença me tiraram do jogo, pode saber que eu tô no jogo”. O ex-metalúrgico fez referência à decisão do juiz Sérgio Moro de condená-lo a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do polêmico triplex no Guarujá.

Ladeado por “companheiros” que balbuciam a inocência do petista-mor apenas porque essa a única solução que resta a um partido em fase de extinção, Lula mais uma vez transformar em perseguição política um crime de corrupção.

A estratégia pretensiosa do PT não tem como prosperar, pois a sentença do juiz Sérgio Moro é minuciosa e tecnicamente perfeita, situação que assustou não apenas o condenado, mas a legenda como um todo, que desde já começa a se preocupar com o fato de que sem Lula não há como participar da corrida presidencial do próximo ano.

“E quero dizer ao meu partido que até agora não tinha reivindicado, mas vou reivindicar, de me colocar como postulante à Presidência da República em 2018”, esbravejou Lula.


Na parte externa do Diretório Nacional do PT, em São Paulo, onde ocorreu a coletiva, o discurso de Lula foi recebido com euforia e aplausos por um minguado grupo de militantes – aproximadamente 300 pessoas – que em meio à grave crise econômica promovida pelo partido deixaram de trabalhar para incensar um condenado.

Sempre populista e abusando de frases feitas, o ex-presidente voltou a recorrer à politização do tema e disse: “Quem acha que é o fim do Lula vai quebrar a cara. Quem tem o direito de decretar o meu fim é o povo brasileiro”.

É importante lembrar que foi Lula quem decretou o próprio fim, não a Justiça, que cumpriu o que determina a legislação vigente. Considerando que a Constituição Federal estabelece, em seu artigo 5º, que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”, Lula não tem do que reclamar, salvaguardado o direito de recorrer da sentença.

Transformar a condenação em perseguição política e caçada judicial, como gazeteiam seus caros advogados, faz parte de um plano chulo para supostamente abrir um atalho para recorrer a organismos internacionais, como se esses pudessem interferir em decisões da Justiça brasileira.

O viés debochado de Lula é tamanho, que quando perguntado se havia analisado a sentença, respondeu negativamente porque estava preocupado com o jogo do Corinthians pelo Campeonato Brasileiro. “Não tive tempo para analisar. Estava esperando o Corinthians se resolver com o Palmeiras”, disse o chefe da quadrilha do Petrolão. E não poderia ser diferente, pois Lula não existe sem uma metáfora futebolística ou qualquer menção ao esporte bretão.

Em suma, a jararaca que foi apresentada ao público em março do ano passado levou uma paulada na cabeça, mas ainda assim ousa agitar o guizo. Como o tempo é o senhor da razão, uma dose extra de paciência não fará mal à parcela de bem dos brasileiros.

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