(*) Ucho Haddad
Como é bom escrever! Como é bom escrever para defender o Brasil e os brasileiros. Como é bom destilar o patriotismo por meio de palavras, como excepcional é exercer a cidadania por meio de textos. Tudo isso é muito bom, mas melhor ainda é escrever e ter quem leia. Não há presente maior para um jornalista do que os leitores.
Depois de longo tempo vivendo além das nossas fronteiras, de volta ao Brasil, há dezesseis anos decidi mudar radicalmente os planos de vida e profissional, lançando na rede mundial de computadores, em 17 de julho de 2001, as primeiras notícias que fizeram o que hoje é o UCHO.INFO. No começo não imaginei que pudesse chegar tão longe. O desejo era escrever durante alguns meses em terras verde-louras para tentar mudar a realidade brasileira e em seguida colocar o pé na estrada mais uma vez. Acabei ficando…
Quando retornei à terra natal, muitos foram os que me dedicaram críticas pela forma de fazer jornalismo. Diziam que era um sonhador, que estava na contramão da realidade e que o esforço seria em vão. Apesar de remar contra a maré, como muitas vezes fiz, mantive a fé na profissão que acertadamente escolhi. E não me arrependo da decisão tomada. Dos deboches aos textos mais longos às intimidações descabidas, das ameaças sórdidas à covardia recorrente, tudo valeu à pena. Até porque o UCHO.INFO nasceu para não desistir.
A missão que institui ao UCHO.INFO era defender o País, o sonho, contudo, era salvá-lo. Com as armas disponíveis defendemos o Brasil com inenarrável dedicação. O que continuamos a fazer sem pestanejar, porque patriotismo jamais foi sinônimo de vergonha. Não conseguimos salvar o Brasil, é verdade, pois a covardia dos poderosos muitas vezes atrapalhou o caminho, o que não significa que desistimos ou que deixamos de acreditar que o sonho pode, sim, se transformar em realidade. É por isso que continuamos a fazer jornalismo com o mesmo entusiasmo que marcou a primeira edição.
Não cremos em milagres no campo profissional, não somos adepto do imediatismo, abominamos o jogo rasteiro. Acreditamos piamente na dedicação incondicional, comungamos pela cartilha da vocação, defendemos o equilíbrio, empunhamos a coerência, cultivamos a teoria de que o tempo é o senhor da razão. É dessa maneira que fazemos jornalismo, é assim que fazemos do UCHO.INFO uma devoção.
Nessa estrada, sinuosa e às vezes árdua, muitas foram as armadilhas, em sua maioria montadas por adversários a mando de alguém que se sentiu – e ainda se sente – incomodado com o que escrevemos. E nesse caso acionamos, com o cavalheirismo de sempre, a teoria popular de que os incomodados devem se mudar. Apesar da confiança no trabalho, estamos pronto para rever as falhas, até porque errar é humano. Afinal, quem não é o melhor produto dos próprios erros?
Escrever é uma dádiva inenarrável, ter quem leia é o maior de todos os presentes. Algumas vezes contrariamos as expectativas de muitos que tentam mudar o País de qualquer forma, mas não nos deixamos abalar pelo desespero compreensível dos que gostariam de estar vivendo uma realidade distinta. Manter o equilíbrio e a coerência do pensamento é mais do que obrigação daqueles que trabalham com a informação. Quando deixamos de contemplar os anseios imediatistas de muitos, fazemos por respeito a cada um dos leitores, os quais merecem ser brindados com a verdade.
De 17 de julho de 2001 até aqui foram 5.844 dias de dedicação incansável ao bom jornalismo, 3.971 edições de um portal de notícias que conquistou o reconhecimento de muitos, até dos adversários, e o respeito dos leitores. Nessa empreitada sem fim cometemos erros, com os quais aprendemos e procuramos melhorar, levamos sustos, enfrentamos inimigos poderosos, sofremos ataques, mas não desistimos. De tudo tentaram para que jogássemos a toalha, mas continuamos acreditando que a boa informação revoluciona.
Acertamos várias vezes, o que não nos faz melhor. Na verdade, aumenta a responsabilidade de fazer jornalismo com todas as letras, como manda o figurino. Foram notícias inusitadas, furos de reportagem, análises contundentes, opiniões balizadas. Foi bom, é bom, assim continuará sendo. Até quando, só Deus sabe, mas disposição não nos falta. Faríamos tudo outra vez, do mesmo jeito, com os mesmos erros e acertos. Faríamos tudo outra vez porque valeu a pena, porque sempre vale a pena.
Nessa caminhada encontramos parceiros imprescindíveis, colaboradores inenarráveis. Alguns passaram, outros ficaram. Uns se foram para sempre, mas deixaram lições interessantes, até mesmo as mais indigestas. Outros também se foram, mas ficaram no coração e no pensamento porque deixaram exemplos, ensinamentos, referências.
Agradecemos a todos, a cada um, pois jornalismo é um ato quase solitário que se faz em equipe. Isso significa que dos parceiros aos leitores somos um só time em busca de um Brasil melhor e mais justo. Entramos no décimo sétimo ano e precisamos de você para continuar escrevendo, lutando, sonhando, sendo brasileiros de fato e de direito. Muito obrigado!
(*) Ucho Haddad é jornalista político e investigativo, analista e comentarista político, escritor, poeta e fotógrafo por devoção.