Com a retomada dos trabalhos legislativos na capital federal, entra reta final a polêmica sobre a denúncia por corrupção contra o presidente da República, Michel Temer (PMDB). Na quarta-feira (2), o plenário da Câmara dos Deputados poderá decidir se aceita ou não a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que, se aprovada, ensejará o afastamento por até seis meses do presidente, desde que autorizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Muito tem se falado sobre o custo das manobras palacianas para tentar barrar a denúncia no plenário da Câmara, mas é importante lembrar que há décadas governantes usam a máquina pública em benefício próprio, seja em momentos de dificuldades ou de bonança. Ademais, o pagamento de emendas parlamentares está previsto em lei e sempre foi usado como ferramenta de persuasão política.
Considerando que a política brasileira é movida pelo fisiologismo criminoso, algo que atenta contra a democracia, não é novidade o fato de parlamentares aproveitarem o caos para lucrar não apenas politicamente, mas também em termos financeiros. Até porque, a distribuição de cargos na máquina federal representa muito mais do que prestígio político. Ou seja, o escambo é a regra de um jogo bruto e pesado que o País acostumou-se a assistir de maneira quase silenciosa.
Engana-se quem pensa que a eventual saída de Michel Temer da Presidência será a solução para um país mergulhado em uma crise múltipla e crescente. Faltando menos de um ano para o início do período eleitoral, a chegada de um novo presidente da República serviria somente para reforçar um quadro caótico, exigindo dos brasileiros, a partir de então, muito mais sacrifícios do que os atuais. Isso porque a crise aumentaria de forma exponencial e rápida, comprometendo a recuperação do País como um todo.
Não se trata de ser a favor da corrupção, pelo contrário, mas de avaliar o quanto custará ao Brasil e aos brasileiros uma mudança no comando da nação. Ademais, causa preocupação o fato de não existir, pelo menos por enquanto, um nome confiável e capaz de unir a população em torno de um só objetivo: fazer a travessia até a corrida presidencial do próximo ano.
O cenário atual, de crise quase constante, interessa a muitos partidos que fazem oposição ao Palácio do Planalto, pois a tática atual é desgastar politicamente os adversários para que o caminho sinuoso das eleições seja menos árduo. Qualquer movimentação brusca a essa altura dos acontecimentos significará abrir espaço para o retorno da esquerda bandoleira ao poder central. Afinal, esse é o objetivo da oposição colérica e irresponsável, que sonha em retornar ao leme da nação para completar a lambança.
Desde quando a então presidente Dilma Rousseff, que deu sequência às bizarrices populistas do antecessor, passou a adotar medidas esdrúxulas na seara da política econômica, o UCHO.INFO vem afirmando que o estrago petista exigirá dos cidadãos pelo menos cinco décadas de esforço continuado para que o status anterior seja retomado. Contudo, a população sonha em resolver o problema político com a mesma facilidade e rapidez com que se aciona o interruptor da luz da sala.
Tomando por base um eventual afastamento de Michel Temer, o sucessor imediato e constitucional é o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), político de atuação minimalista e que foi eleito ao posto com o apoio negociado do Partido dos Trabalhadores. Além disso, Maia é alvo de investigação no âmbito da Operação Lava-Jato por supostamente ter recebido propina da Odebrecht.
De acordo com os delatores do grupo empresarial, “Botafogo”, codinome usado nas planilhas de propina da empreiteira como referência a Rodrigo Maia, teria recebido dois repasses de recursos não contabilizados: R$ 350 mil, em 2008, e R$ 600 mil, em 2010. Ou seja, Rodrigo é “mais do mesmo”.
Resumindo, a votação no plenário da Câmara dos Deputados poderá impor ao País a substituição de um trapalhão conhecido por outro menos conhecido. Sendo assim, o melhor a fazer é deixar o comando do País nas mãos de Michel Temer e agir de maneira atenta e contínua para que não surja em cena um oportunista mal intencionado fantasiado de salvador da pátria.