Líder do PT na Câmara dá show de incoerência durante votação de denúncia contra Temer

A sessão da Câmara dos Deputados destinada à votação da denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer (PMB) mostra a necessidade de uma mudança responsável e planejada na política brasileira. O que se viu até o meio da tarde desta quarta-feira (2) na Câmara foi um espetáculo deprimente, em que prevaleceram os interesses de políticos e partidos interessados em revanchismo e nas eleições do próximo ano.

A ópera bufa que tomou conta do plenário da Casa legislativa reacendeu em muitos dos que acompanham a sessão a vergonha de ser brasileiro, algo que não deveria ocorrer, principalmente no momento em que o País está mergulhado em uma grave e múltipla crise. Contudo, a postura da classe política provoca um misto e náusea com revolta.

Alguém há de dizer que o melhor é iniciar a mudança imediatamente, mas esse movimento exige cautela e planejamento, pois existe o risco de surgir em cena um oportunista de plantão fantasiado de derradeiro salvador da pátria. Sem contar que é preciso manter a crise econômica sob controle para que a população consiga se dedicar ao tema da mudança.

Durante as discussões no plenário da Câmara, a atuação do deputado federal Carlos Zarattini (SP), líder do PT, só pode ser classificada como patética. Na terça-feira, um dia antes da definição do futuro político do presidente da República, Zarattini defendeu o fim de um “governo que vem prejudicando a população”.

O líder petista por certo sofre de amnésia, pois o seu partido não apenas destruiu a economia, mas foi responsável pelo período mais corrupto da história brasileira, com direito à condenação de Lula por corrupção e lavagem de dinheiro. Mesmo assim, Carlos Zarattini ousa dizer que o governo Temer faz mal à sociedade.


Mas a ousadia do líder do PT na Câmara não parou por aí. Ocupando a tribuna do plenário, Zarattini defendeu a retirada da votação da pauta do dia, sob a alegação de que o governo do PMDB transformou o Palácio do Planalto em balcão de negócios, como se o Mensalão do PT e o Petrolão fossem fruto da imaginação fértil dos brasileiros. Ademais, é importante lembrar que Dilma Rousseff adotou expediente idêntico por ocasião do processo de impeachment.

O ápice da desfaçatez de Carlos Zarattini surgiu quando o petista sugeriu que a votação ocorresse somente à noite, pois durante o dia os trabalhadores brasileiros não poderiam acompanhar os votos dos parlamentares. Pois bem, tomando por base que tal declaração tem sua dose de lógica, o Congresso deveria funcionar somente à noite, no melhor estilo casa de alterne.

Ora, se durante o dia os brasileiros trabalham, Zarattini deveria explicar quem está a remunerar os integrantes dos movimentos sociais que promovem arruaças e depredações Brasil afora durante o horário laboral. Por volta das 7h00 desta quarta-feira, movimentos sociais ligados ao PT bloquearam três das principais rodovias do País (Anchieta, Dutra e Régis Bittencourt). Custeados pelo suado dinheiro do trabalhador e por recursos advindos da corrupção, os ditos movimentos sociais são grupos criminosos que se dedicam à baderna e ao desrespeito à legislação vigente.

Fingindo que o Petrolão não existiu e que Lula é a “fulanização” da inocência, Carlos Zarattini perdeu o controle e ameaçou, em plenário, aqueles que criticam o PT por suas ações típicas de organização criminosa (a comparação é do nada impoluto Aécio Neves).

Visivelmente alterado, talvez por saber que a oposição será derrotada nessa votação, Zarattini abusou da arrogância e disse que não aceitará ataques ao partido, “que tem raízes no povo brasileiro”. Ou seja, o PT saqueou a mais não poder os cofres da Petrobras e outras estatais, mas na hora do aperto lembra-se da população. “Nós vamos pra cima de quem vier pra cima do PT”, ameaçou o líder petista.

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