“Herói” de ciberataque global é preso pelo FBI, em Las Vegas

O pesquisador de segurança digital britânico que ficou conhecido por sustar o ciberataque provocado pelo ransomware WannaCry foi detido nos Estados Unidos nesta quinta-feira (4), após participar de uma conferência em Las Vegas.

Após o alastramento do ciberataque, Marcus Hutchins, de 23 anos, teria acionado acidentalmente um “botão de desligar”, interrompendo o número de infecções pelo ransomware. Trata-se de um tipo de ataque em que o vírus infecta e criptografa arquivos de sistemas, exigindo um valor, frequentemente em bitcoins, para liberar os dados “sequestrados”.

O WannaCry infectou centenas de milhares de computadores em 150 países, causando problemas em fábricas, hospitais, lojas e escolas.

Documentos da Justiça dos Estados Unidos mostram que Hutchins, conhecido pelo codinome online Malware Tech e que foi apelidado de “herói”, foi indiciado juntamente com outro indivíduo por um tribunal no estado de Wisconsin no dia 12 de julho. Ele foi acusado de elaborar, fazer propaganda, distribuir e lucrar com um malware conhecido como Kronos Trojan entre julho de 2014 e 2015, utilizado para roubos online de dados de contas bancárias e cartões de crédito.

Hutchins foi preso num aeroporto enquanto aguardava o voo de volta ao Reino Unido, após participar da conferência anual Def Con em Las Vegas, frequentada por hackers e figuras de destaque no ramo da segurança de dados. Ele será levado a um tribunal para audiência nesta sexta-feira.


A notícia da prisão de Hutchins foi recebida com perplexidade pela comunidade de cibersegurança. Jake Williams, um respeitado pesquisador que trabalhou com o jovem inglês em vários projetos – inclusive na elaboração de material para treinamento acadêmico de alto nível, pelo qual Hutchins rejeitou receber remuneração – acha difícil acreditar que ele seja culpado dessas acusações. “Não consigo associar as acusações com o que conheço dele”, disse Williams.

Para muitos, a grande dúvida é qual seria a identidade do outro indiciado no processo, cujo nome foi omitido nos documentos oficiais. “Talvez o outro acusado tenha testemunhado contra ele”, disse o especialista em segurança cibernética Rob Graham.

“Não sabemos que provas o FBI tem, mas temos evidências circunstanciais de que ele estava envolvido com aquela comunidade na época”, explicou, se referindo ao grupo que elaborou o Kronos Trojan.

Segundo o defensor publico designado pelo tribunal, Hitchins não possui registros criminais e cooperou com as autoridades americanas no passado. Após ser preso, Hitchins se reservou o direito de ficar calado. Ele será mantido sob custódia até a audiência desta sexta-feira.

A mãe do pesquisador, Jane Hutchins, afirmou à imprensa que acredita ser “altamente improvável” que o jovem tivesse envolvimento no caso uma vez que ela passava “quantidades enormes de tempo” combatendo ataques cibernéticos desse tipo. (Com agências internacionais)

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