Sempre caminhando na estrada da política sobre “salto alto”, até porque soberba é a marca registrada da legenda, o PSDB está cada vez mais rachado, mas poderá naufragar a reboque das manobras de Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, para se tornar o presidenciável tucano em 2018.
Durante a votação da denúncia por corrupção contra o presidente Michel Temer, no plenário da Câmara dos Deputados, Alckmin comandou à distância uma operação que causou indignação entre muitos filiados ao partido. O governador paulista deu o tom do discurso de encaminhando do voto da bancada, mesmo com a liberação para que cada um votasse com a própria consciência. E coube ao líder do partido na Câmara, deputado Ricardo Trípoli, ler um discurso boquirroto que ressaltava a necessidade de combate à corrupção, como se o PSDB fosse o último reduto da moralidade pública.
Presidente nacional da legenda e licenciado do cargo por conta de escândalos de corrupção, Aécio Neves desistiu de retornar ao posto diante do risco de ter a prisão decretada a qualquer momento, uma vez que a Procuradoria-Geral da República enviou ao STF novo pedido nesse sentido. Para não desgastar ainda mais um partido que finge repelir corruptos, Aécio preferiu ficar longe dos holofotes. Com essa decisão, o senador Tasso Jereissati continua como comandante interino do tucanato.
Logo após a votação da denúncia contra Temer, o UCHO.INFO conversou com alguns deputados federais do PSDB que não integram o grupo paulista do partido. Indignados, nossos interlocutores disseram que se Geraldo Alckmin pensa que tomará o partido de assalto está enganado. Um dos deputados ouvidos por este portal sugeriu que Alckmin e seu grupo deveriam criar um novo partido, caso queira dar ordens aqui e acolá.
Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, João Doria vem defendendo a saída definitiva de Aécio Neves da presidência, o que tem irritado o mimado senador mineiro, um dos piores políticos do País em todos os tempos, a ponto de ter conseguido a proeza de perder a corrida presidencial de 2014 para alguém do naipe de Dilma Rousseff.
Alvo da Operação Lava-Jato e flagrado pedindo propina ao empresário Joesley Batista, sob a desculpa de que tinha de quitar honorários advocatícios, Aécio continua acreditando que é dono do PSDB e pode fazer o que quiser para salvar a própria pele. Por conta desse devaneio político, o senador mineiro uniu-se a Geraldo Alckmin para sufocar um inevitável avanço de João Doria rumo a ser o presidenciável dos tucanos.
Aécio e Alckmin tentam exalar “bom-mocismo”, fingido que a “velha guarda” PSDB é a solução derradeira para um país mergulhado em crise grave e histórica. Acusado por delatores da Operação Lava-Jato de receber propinas, mesmo que por intermédio de terceiros, Alckmin, se candidato, levará o partido ao naufrágio. Alguém há de afirmar que isso não é verdade, mas basta sair às ruas da capital paulista e checar a popularidade do governador que abusa da estampa de contínuo de sacristia.
Não obstante, Aécio e Alckmin dão provas inequívocas de obsolescência política, pois ainda não perceberam que se a opinião pública não mais suporta escândalos de corrupção, como disse o líder do PSDB na Câmara, o próximo candidato à Presidência com alguma chance de vitória sairá de um cenário distinto, que não esse que todos conhecessem e sempre frequentado por velhacos e movido a negociatas.
É um direito de Geraldo Alckmin sonhar com o Palácio do Planalto, até porque nada o impede de flertar com o Poder central, mas o governador deveria antes de tudo combinar com Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”, ex-presidente da Dersa e acusado por delatores da Lava-Jato de ter recebido em nome do PSDB, no escopo das obras do Rodoanel, R$ 100 milhões em propina. Se Paulo Preto resolver contar o que sabe, penas tucanas irão pelos ares.