Investigação sobre ingerência russa na eleição presidencial de 2016 ganha força nos Estados Unidos

O conselheiro especial Robert Mueller formou um grande júri em Washington para apurar a ingerência russa nas eleições presidenciais norte-americanas, em claro sinal de que a investigação comandada por ele está ganhando força, revelou a imprensa dos Estados Unidos.

Segundo o jornal “The Wall Street Journal”, que divulgou primeiramente a notícia, o grande júri começou seus trabalhos há algumas semanas, e sua formação indica que as apurações sobre a Rússia devem continuar ainda por meses.

Ex-diretor do FBI, Mueller foi designado para comandar a investigação sobre a suposta interferência russa em maio, a fim de garantir a imparcialidade do inquérito. Ele apura ainda possíveis relações entre o governo de Moscou e a campanha do atual presidente Donald Trump.

Fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmaram que o grande júri já chegou a emitir intimações relacionadas a uma reunião, em junho de 2016, entre o filho mais velho de Trump e uma advogada russa. Antes desse encontro, Donald Trump Jr. fora informado de que receberia material comprometedor sobre a democrata Hillary Clinton, rival de seu pai nas eleições.

De acordo com a emissora CNN, essas intimações solicitam tanto documentos como depoimentos de pessoas que participaram da reunião. Os nomes das pessoas intimadas não foram revelados, mas se sabe que Jared Kushner, genro e um dos principais assessores de Trump, também esteve no encontro.

O porta-voz de Mueller, Joshua Stueve, se negou a confirmar as informações publicadas pela imprensa americana. O advogado Ty Cobb, assessor especial do presidente americano, também afirmou que não tem conhecimento sobre a formação do grande júri.

“Questões sobre grandes júris são geralmente secretas”, disse Cobb, acrescentando que a “Casa Branca é favorável a qualquer coisa que acelere a conclusão dos trabalhos de forma justa”.


Nos Estados Unidos, grandes júris são formados para determinar se as evidências em determinado caso são fortes o suficiente para emitir acusações para um julgamento criminal. Não são eles que decidem, porém, se um potencial réu é inocente ou culpado.

O grande júri também permite que sejam emitidas as chamadas intimações, instrumento legal para obter documentos ou compelir testemunhos sob juramento.

Mais recentemente, por exemplo, um grande júri fora criado no estado da Virgínia para reunir informações sobre Michael Flynn, ex-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca. Ele foi afastado por Trump em fevereiro, depois de ter sido revelado que ele mentiu para o vice-presidente Mike Pence sobre seus contatos com o embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak.

Ingerência russa

O governo Trump se encontra sob pressão política devido ao escândalo envolvendo a suposta interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016 e eventuais ligações entre Moscou e a campanha republicana com intuito de favorecer a vitória do magnata.

Agências de inteligência americanas garantem que a Rússia esteve por trás dos ciberataques a organizações e operadores do Partido Democrata antes do pleito. Rejeitada por Moscou, a conclusão é apoiada também por empresas de segurança cibernética.

Além disso, a demissão repentina do ex-chefe do FBI James Comey, em maio, levantou questões sobre as motivações do presidente, já que foi sob o comando desse diretor que a polícia federal americana iniciou o inquérito para apurar a suposta ingerência russa.

Após seu afastamento, Comey revelou que Trump chegou a lhe pedir, em fevereiro, para encerrar uma investigação sobre Michael Flynn, envolvendo também contatos com russos. (Com agências internacionais)

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