Presidente do BC, Ilan Goldfajn afirma que indicadores confirmam estabilidade e recuperação econômica

Um dos nomes respeitáveis do governo de Michel Temer, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta sexta-feira (11) que os últimos indicadores confirmam estabilização do cenário e abertura de um caminho para a recuperação econômica do País.

“Após dois anos de recessão, os dados recentes parecem confirmar o cenário base que trabalhamos aqui no Banco Central: estabilizou, a recessão ficou para trás e há perspectivas de uma recuperação gradual ao longo dos próximos meses”, disse, ao discursar em seminário sobre estabilidade financeira, promovido pela instituição.

Professor de Economia, Goldfajn destacou, entre os bons resultados, o crescimento da população ocupada por quatro meses consecutivos. No final de julho, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) indicou a primeira queda significativa do desemprego desde 2014, com uma redução de 0,7% no percentual da população economicamente ativa sem trabalho. Segundo o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de desemprego atualmente está em 13%.

“Com a produção industrial é a mesma coisa”, acrescentou o presidente do Banco Central, ao mencionar indicadores que tem mostrado sinais consistentes de melhora. “Tivemos dois trimestres consecutivos de crescimento, o que não ocorria desde 2014”, enfatizou.

Juros bancários

O presidente da autoridade monetária também acredita que os juros ao consumidor devem continuar a cair nos próximos meses, acompanhando os cortes feitos na taxa básica de juros (Selic). “É claro que está caindo de uma forma gradual, e eu acho que isso vai continuar ao longo dos próximos meses. Há uma defasagem natural entre a queda da taxa básica e a queda das taxas bancárias”, ressaltou.

Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em julho, a taxa básica de juros foi reduzida em 1 ponto percentual, ficando em 9,25% ao ano. Com o corte, a Selic chegou ao menor nível desde outubro de 2013, quando estava em 9% ao ano.


Esta é a primeira vez que os juros básicos da economia retornam a um dígito em quase quatro anos. Desde novembro de 2013, quando o Copom elevou a taxa para 10% ao ano, a taxa estava em dois dígitos.

Taxa de Longo Prazo

Goldfajn fez uma defesa da proposta do governo federal de criar uma nova taxa para os empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A Medida Provisória 777, que estabelece a Taxa de Longo Prazo (TLP) está atualmente sendo apreciada por uma comissão mista no Congresso Nacional. A ideia é aproximar os juros do banco, que são subsidiados, aos valores de mercado, diminuindo os aportes do Tesouro Nacional para custear os financiamentos da instituição.

Para o presidente do Banco Central, a mudança aumentaria a força das ações da autoridade monetária para estabilizar a economia e contra a inflação, permitindo que os juros cobrados de forma geral sejam mais baixos. “Acabando com a meia entrada, sob o ponto de vista do Banco Central, a potência da política monetária aumenta. Sob o ponto de vista da política fiscal, torna mais transparente o subsídio. O que é implícito se torna explícito”, afirmou.

A TLP será composta pela variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e por taxa de juros real prefixada mensalmente, de acordo com o equivalente ao rendimento real das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN- B) no prazo de cinco anos. A NTN-B reflete o custo de captação do Tesouro Nacional, o mais baixo do mercado.

“A nossa taxa de juros estrutural da economia vai ser menor. Portanto, vamos democratizar os juros baixos no Brasil”, enfatizou Ilan Goldfajn ao apresentar os pontos positivos da mudança.

De acordo com o Ministério da Fazenda, o País gastou R$ 723 bilhões com subsídios para o setor privado em um período de dez anos, encerrado em dezembro de 2016. Os empréstimos subsidiados do BNDES têm, atualmente, taxa de juro de 7% ao ano. Quanto maior sua distância da Selic, taxa básica de juros da economia, atualmente em 9,25% ao ano, maior o custo para o Tesouro. (Com ABr)

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