A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira (18) a saída do estrategista-chefe Steve Bannon, um dos principais conselheiros do presidente Donald Trump, após vários dias de especulações sobre sua demissão.
A saída do ex-diretor do site de extrema direita Breitbart News foi confirmada pelo governo pouco depois de os primeiros rumores começarem a circular na imprensa. “O chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, e Steve Bannon decidiram em comum acordo que hoje será o último de Steve”, afirmou a porta-voz Sarah Sanders.
De acordo com a agência de notícias Reuters, uma fonte familiarizada com a decisão afirmou que Bannon foi demitido por Trump. O jornal “The New York Times” noticiou que o presidente americano teria comunicado a assessores, nesta sexta-feira, que afastaria Bannon. No entanto, uma pessoa ligada ao estrategista disse que ele mesmo apresentara sua demissão em 7 de agosto. A “degola” de Bannon deveria ter sido anunciada no início desta semana, mas, após a violência em Charlottesville, acabou adiada.
Os rumores sobre uma possível saída de Bannon circulavam há dias e tornaram-se mais fortes na última terça-feira (15), quando Trump evitou responder à pergunta de um jornalista sobre se mantinha a confiança no seu conselheiro estratégico. “Veremos o que acontece com o senhor Bannon”, disse Trump. Na mesma entrevista, Trump disse que Bannon não é um racista e é seu amigo.
Nesta semana, Steve Bannon aparentemente provocou Trump ao dar entrevista à revista liberal “American Prospect”, na qual afirmou que não existe solução militar para a Coreia do Norte, em clara afronta às declarações do presidente.
“Até alguém resolver a parte da equação que mostra que 10 milhões de pessoas em Seul não vão morrer nos primeiros 30 minutos com armas convencionais, eu não sei do que você está falando, não há solução militar aqui, eles nos têm”, declarou.
Bannon, um provocador de 63 anos que se define como “nacionalista econômico”, alcançou relevância dentro da Casa Branca no início do mandato de Trump, sendo que muitos chegavam a dizer que era ele quem realmente mandava na presidência. Ele trabalhou na campanha de Trump, tendo ajudado a definir o mote “Os Estados Unidos em primeiro lugar”.
No governo, o conselheiro estratégico encarregou-se de convencer Trump a manter o discurso populista que o levara ao poder e encorajou-o, entre outras coisas, a emitir o polêmico veto migratório contra os refugiados e os imigrantes de determinados países muçulmanos, bem como a retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, relativo às alterações climáticas.
De acordo com o “The New York Times”, Steve Bannon estava em permanente confronto com o novo chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, que o avisou de que não admitiria as suas maquinações de bastidores. Ele também tinha fortes divergências com o cunhado de Trump, Jared Kushner, e era acusado por rivais dentro do governo de vazar informações para a imprensa.
Bannon teria dito a amigos que, se fosse afastado da Casa Branca, poderia voltar para o Breitbart News. Quando esteve sob o comando do estrategista, o site contribuiu para fortalecer o movimento xenófobo e racista alt-right, ou Direita Alternativa. O nome de Bannon é constantemente associado às diversas organizações de direita que compõem esse grupo. (Com agências internacionais)