Um dos homens presos por planejar os ataques na região da Catalunha, na Espanha, na última semana, admitiu na terça-feira (22) que a célula terrorista preparava um atentado ainda maior, que envolveria monumentos emblemáticos em Barcelona, informaram fontes judiciais.
Mohamed Houli Chemial é um dos quatro homens ainda vivos entre os 12 suspeitos que se acredita terem composto a célula terrorista, já desmantelada, segundo a polícia. A declaração foi dada num tribunal em Madrid, onde eles estiveram presentes nesta terça-feira para depor pela primeira vez sobre o caso.
Chemial foi o primeiro a dar seu testemunho, vestindo roupas de hospital – ele ainda está sendo tratado pelos ferimentos que sofreu durante uma explosão em Alcanar, na véspera do ataque em Barcelona.
Segundo o jornal “El Mundo”, ele teria contado à corte que o grupo planejava ataques com explosivos contra vários monumentos em Barcelona, incluindo a famosa igreja da Sagrada Família.
Dois dos suspeitos interrogados confirmaram ainda que um imã suspeito de radicalizar os jovens e ser o idealizador da célula terrorista era, de fato, o líder do grupo.
Já Driss Oukabir, cujo irmão era um dos suspeitos mortos pela polícia após o ataque em Cambrils, declarou inocência. Segundo fontes judiciais, ele admitiu ter alugado a van usada no ataque em Barcelona, mas disse que achava que ela seria usada para uma mudança residencial.
O rapaz, que anteriormente havia dito que seu irmão roubou seus documentos para alugar o veículo, afirmou nesta terça-feira que mentira de início porque sentia medo.
A promotora Ana Noé, da Audiência Nacional, órgão responsável por julgar os casos de terrorismo na Espanha, pediu que os quatro suspeitos sejam presos sem direito a fiança pelos crimes de homicídio, porte de explosivos e participação em organização terrorista.
Ataques na Catalunha
Os quatro suspeitos foram detidos no dia seguinte aos ataques em Barcelona e Cambrils. Entre os outros oito suspeitos, seis foram mortos pela polícia e dois morreram durante a explosão numa casa em Alcanar. A polícia confirmou que o imã é um dos mortos na residência que explodiu.
Segundo as autoridades, a célula terrorista estocava pelo menos 120 botijões de gás para realizar ataques na capital catalã. Os cilindros de gás foram encontrados na casa em Alcanar, que seria a base operacional do grupo. Os planos originais teriam sido frustrados pela explosão.
No dia seguinte ao incidente em Alcanar, o grupo alugou uma van e investiu contra uma multidão na zona turística de Las Ramblas, em Barcelona. Menos de dez horas depois, um ataque semelhante ocorreu na cidade costeira de Cambrils. Ao todo, 15 pessoas morreram e mais de 120 ficaram feridas.
O motorista da van que atacou Las Ramblas foi morto pela polícia apenas nesta segunda-feira, encerrando uma caçada que durava dias. Ao se recusar a se entregar, ele foi abatido numa estrada em Subirats, município a 50 quilômetros de Barcelona.
O “Estado Islâmico” (EI) reivindicou a responsabilidade pelos ataques, que se acredita terem sido os primeiros da organização na Espanha. Um ataque terrorista que matou 192 pessoas em 2004 em Madri foi realizado por uma célula da Al Qaeda. (Com agências internacionais)