PSDB adota o falso “bom-mocismo” ao pressionar relator da segunda denúncia contra Michel Temer

(Divulgação)

Quem o PSDB pretende enganar com o jogo duplo que faz na política nacional? Rachado desde a sua criação, o tucanato não se entende sequer sobre os temas mais simples e fáceis. Prefere o discurso embolado do falso “bom-mocismo” para enganar a opinião pública, como se o partido fosse a salvação derradeira do País.

Sempre acostumados a se apresentar à população com “punhos de renda”, o que dificulta a tomada de decisões em casos extremos e difíceis, agora os tucanos que frequentam o Congresso Nacional adotam um discurso dual para tentar vender ao eleitorado uma imagem distorcida da realidade. Querem os peessedebistas que o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) renuncie à relatoria da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, acusado pela Procuradoria-Geral da República de obstrução à Justiça e organização criminosa.

De olho na corrida presidencial de 2018 e nas eleições proporcionais do próximo ano, os tucanos entendem que o fato de Bonifácio de Andrada ter sido escolhido pelo presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara para relatar o processo contra Temer pode render dividendos negativos à legenda. Como se não bastasse, a cúpula do PSDB acredita que a escolha de Andrada como relator foi uma provocação encomendada pelo presidente da República.

A segunda denúncia contra Michel Temer será rejeitada pela Câmara dos Deputados e disso ninguém duvida. Até mesmo os opositores do governo estão cientes da vitória do presidente, mas adotam discursos contrários apenas para cumprir tabela.

Diante da recusa de Bonifácio de Andrada de renunciar à relatoria, o PSDB estuda a possibilidade de substituir o parlamentar mineiro na CCJ. O que não impede que ele seja convidado por outro partido para assumir a relatoria.


Ora, o PSDB está abusando das firulas no caso da denúncia contra Michel Temer, quando na verdade deveria se preocupar em definir de uma vez por todas a conturbada situação do senador Aécio Neves, que foi afastado do mandato parlamentar por decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que impôs ao senador mineiro recolhimento domiciliar noturno.

Inconformado com a decisão, o PSDB movimentou-se nos bastidores do Senado para decidir em plenário a rejeição da medida imposta pelo STF. A votação está marcada para terça-feira (3) e, segundo o presidente da Casa, senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), mantida.

Nesta segunda-feira (2), o PSDB ingressou com mandado de segurança, com pedido de liminar, para suspender a decisão da Primeira Turma até que a matéria seja decidida pelo plenário da Corte, assunto que está pautado para o próximo dia 11 de outubro.

Acusado de corrupção por ter recebido R$ 2 milhões do empresário Joesley Batista, um dos donos do Grupo J&F, para dificultar o avanço das investigações da Operação Lava-Jato, Aécio Neves já deveria ter sido expulso do partido, tamanha é a gravidade da denúncia da PGR. Ao contrário, Aécio continua como presidente licenciado do PSDB, sendo que o comando nacional do partido está interinamente a cargo do senador Tasso Jereissati (CE).

Se o problema maior do PSDB é ter um dos seus integrantes como relator da segunda denúncia contra Michel Temer, a direção do partido já deveria ter determinado que tucanos instalados no governo federal entreguem imediatamente os cargos. Como a carne é fraca e o poder é anestesiante, os tucanos fingem-se de mortos e mantêm um pé em cada canoa, como se os brasileiros não conhecessem a verdade.

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