PGR aguarda autorização para ouvir Temer no caso dos portos, mas não pode poupar Rosemary Noronha

(ABr)

Na segunda-feira (2), a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) autorização para ou ouvir o presidente da República no âmbito do inquérito que investiga eventual corrupção envolvendo edição de decreto sobre portos.

Além de Michel Temer, a procuradora pretende ouvir Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente da República, e outras cinco pessoas, entre as quais Antônio Celso Grecco e Ricardo Conrado Mesquita, executivos da empresa Rodrimar, uma das beneficiárias o decreto.

Em nota, a assessoria do Palácio do Planalto informou que Temer “responderá aos questionamentos pertinentes ao inquérito”. A defesa do presidente da República e da Rodrimar negam as acusações e afirmam que a regra objeto do decreto decorreu de amplo debate e atendeu todo o setor portuário.

No ofício enviado ao ministro Luís Roberto Barroso (STF), relator do inquérito, a procuradora-geral estipulou data para o depoimento de Temer, mas ressaltou que pretende concluir as investigações em no máximo sessenta dias, prazo que poderá ser prorrogado, se necessário.


A investigação foi solicitada em junho passado pelo então procurador-geral Rodrigo Janot, que tomou por base a delação de executivos do grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Durante as investigações foi captada uma conversa telefônica entre Temer e Rocha Loures, em que ambos falam rapidamente sobre o tal decreto, mas no diálogo não há qualquer evidência que sugira pagamento de propina.

Se ficar comprovada corrupção nesse caso, os responsáveis deverão ser punidos com o rigor da lei, mas é preciso cautela antes de qualquer aprofundamento da denúncia, pois é evidente o movimento para derrubar o governo de Michel Temer.

Não se trata de defender Temer das acusações feitas pela PGR, mas de não colocar o País de pernas para o ar por conta de um plano persecutório que começou na esteira do impeachment de Dilma Rousseff.

Ademais, se a PGR comprovar atos de corrupção na edição do decreto que beneficiou também a empresa que domina o Porto de Santos, Raquel Dodge tem o dever de reabrir a Operação Porto Seguro e intimar Rosemary Noronha, que se apresentava a seus interlocutores como “amante” de Lula e foi flagrada pela Polícia Federal praticando tráfico de influência. Em suma, “o pau que bate em Chico, bate em Francisco”.

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