Os cientistas Jacques Dubochet (Suíça), Joachim Frank (alemão naturalizado americano) e Richard Henderson (Reino Unido) foram anunciados, na quarta-feira (4), como os vencedores do prêmio Nobel de Química de 2017, pelo desenvolvimento de um microscópio para determinar em alta resolução a estrutura das biomoléculas.
A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou a premiação de US$ 1,1 milhão afirmando em comunicado que o método, que permite dar imagem às moléculas da vida, “levou a bioquímica a uma nova era”.
A tecnologia possibilita imagens detalhadas das biomoléculas, permitindo que os pesquisadores as analisem detalhadamente, em nível atômico-estrutural.
“Os pesquisadores podem agora congelar biomoléculas em movimento e visualizar processos jamais observados antes, o que é algo fundamental para a compreensão básica da química da vida e para o desenvolvimento de medicamentos”, afirmou o comitê do Nobel.
“Os mapas biológicos há muito tempo eram permeados por espaços em branco, já que a tecnologia disponível tinha dificuldades para gerar imagens de grande parte do mecanismo das moléculas da vida. O microscópio crioelétrico muda tudo isso.”
O microscópio crioelétrico foi utilizado recentemente para o estudo das biomoléculas associadas ao vírus zika, que gerou casos de microcefalia e graves problemas neurológicos em milhares de crianças nascidas no Brasil e em outros países latino-americanos desde 2015.
Falando à imprensa por telefone após o anúncio do prêmio, Joachim Frank, professor de bioquímica e ciência molecular da Universidade de Columbia, disse estar “completamente deslumbrado” com a premiação. “Pensei que as chances de ganhar o Nobel eram minúsculas, há tantas outras inovações e descobertas”, declarou.
O pesquisador de 77 anos afirma que o potencial da utilização do microscópio crioelétrico é imenso e significa que a medicina não necessita estar centrada nos órgãos, mas em “observar os processos nas células”.
O suíço Jacques Debouchet, de 75 anos, é professor honorário de biofísica na Universidade de Lausanne. O escocês Richard Henderson, de 72 anos, é diretor de programas do laboratório de biologia molecular MRC em Cambridge. (Com agências internacionais)