Prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, o tucano João Doria tem dedicado boa parte da sua agenda oficial a eventos relacionados à sua pré-candidatura à Presidência da República, muitos dos quais fora da capital paulista. O que tem gerado indignação de boa parte da população paulistana. Em suas viagens, Doria vem destilando um jeito novo de governar, não sem antes condenar a corrupção sistêmica que se instalou no País.
Enquanto João Doria cuidava de seus interesses eleitorais em Belém, participando de eventos na capital paraense, em São Paulo alguns fiscais da Prefeitura entravam em ação para mais uma “batida de carteira”.
No último sábado (7), no Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi, na zona sul paulistana, o festival de música Villa Mix reuniu milhares de fãs do estilo sertanejo. Em área destinada a estacionamento em frente à Praça Roberto Gomes Pedrosa, que faz as vezes de mestre-sala da arena esportiva do São Paulo Futebol Clube, os fiscais da Prefeitura autorizaram a instalação de 35 barracas de vendedores ambulantes, os quais comercializam bebidas e alimentos.
O que parecia ser uma operação coordenada entre os comerciantes e os fiscais, não passou de mais uma desavergonhada cobrança de propina. Cada um dos 35 comerciantes foi obrigado a pagar R$ 400 para conseguir trabalhar no dia do evento, livrando-se do incômodo da fiscalização. Ou seja, em apenas uma tarde os fiscais arrecadaram R$ 14 mil.
O UCHO.INFO recebeu a denúncia e ouviu alguns dos ambulantes, que foram uníssonos ao afirmar que por conta da chuva que caiu na região as vendas sequer foram suficientes para cobrar o valor da propina paga aos fiscais.
Esse tipo de atuação criminosa não foi exclusividade do festival de música sertaneja, uma vez que os fiscais agem de maneira idêntica em dias de jogos de futebol; cobram R$ 150 de cada ambulante para não atrapalhar a venda de alimentos e bebidas.
Desde os primeiros dias de sua gestão, João Doria deflagrou a operação “Cidade Linda”, mas a capital paulista continua servindo de palco para a roubalheira praticada por servidores que, em tese, deveriam dar o exemplo.
É prematuro afirmar que o prefeito regional do Butantã, Paulo Vitor Sapienza, tem conhecimento da ação dos fiscais, mas é preciso que algo seja feito para coibir esse tipo de crime que o brasileiro não mais suporta.
O UCHO.INFO entrou em contato com a prefeitura regional do Butantã, mas até a publicação desta matéria não obtivemos resposta de qualquer representante da municipalidade.
Doria adotou “Acelera SP” como slogan de campanha, mas o que se viu no entorno do Estádio do Morumbi, no último sábado, foi mais um passo rumo ao atraso promovido pela corrupção. Com a palavra, o prefeito João Doria e o prefeito regional Paulo Vitor Sapienza!
Resposta da Prefeitura:
A assessoria da Prefeitura Regional do Butantã entrou em contato com o UCHO.INFO e informou ser impossível a cobrança de propina por parte de fiscais. O assessor disse que a Prefeitura paulistana adotou um sistema que permite o trabalho de comerciantes ambulantes, o qual será repetido em outros eventos. Mesmo assim, o assessor garantiu que apurará o caso a partir desta matéria.
