Quando o UCHO.INFO afirma que o modelo do Estado brasileiro está obsoleto e falido, não o faz apenas com foco nos seguidos e impressionantes escândalos de corrupção, a maior chaga do País. A questão maior está no fato de que o Estado, por meio de suas autoridades, não mais consegue cumprir minimamente o papel que lhe cabe.
Inchado e aparelhado, o Estado brasileiro, impulsionado por sua ineficiência, consome muito mais do que arrecada. Isso significa que o contribuinte recebe cada vez menos em termos de contrapartida daquilo que paga.
O melhor exemplo dessa falência avassaladora do Estado surge na triste realidade que domina o cenário da segurança pública, fruto do equívoco em que se transformaram as políticas econômicas e social. Com o cidadão recebendo cada vez menos no âmbito das garantias mínimas, o País vive um momento de “faroeste caboclo”, em que o universo do crime, em todos os seus matizes, começa a avançar sobre a seara da sobrevivência. O que é extramente perigoso e preocupante.
Esse cenário é resultante de erros grosseiros cometidos por vários governantes, em especial por Lula e Dilma Rousseff, que mesclaram populismo barato com corrupção desenfreada para manter em marcha um projeto totalitarista de poder.
Se para alguns a nossa análise é eivada pelo pessimismo, a realidade dos fatos mostra que o total de mortes violentas intencionais no Brasil em 2016 chegou a 61.619, maior número já registrado no País, de acordo com dados revelados nesta segunda-feira (30) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que reúne estatísticas oficiais das autoridades de segurança dos estados da federação.
O número representa aumento de 3,8% em relação ao ano anterior, chegando a uma média de 29,9 mortes por 100 mil habitantes ou de sete pessoas assassinadas a cada hora. Os percentuais mais elevados foram registrados em Sergipe (64 mortes para cada 100 mil), Rio Grande do Norte (56,9) e Alagoas (55,9).
Nas capitais brasileiras foram registradas 14.557 mortes violentas intencionais, que incluem homicídios dolosos, latrocínios (roubo seguido de morte), lesão corporal seguida de morte, morte de policiais e letalidade policial. Os maiores índices são os de Aracaju (66,7), Belém (64) e Porto Alegre (64,1).
Os latrocínios aumentaram 57% desde 2010. Em 2016 foram registrados 2.514 mortes ligadas direta ou indiretamente a roubos. No levantamento anterior sobre esses crimes, em 2010, o número de mortes era de 1.593.
Os maiores aumentos no número de roubos seguidos de morte foram registrados em Rondônia (124%), Tocantins (73%) e no Rio de Janeiro (70%). As maiores reduções foram verificadas em Roraima (45%), Paraíba (28%) e Amapá (23%).
Levando-se em conta o número de latrocínios em relação à população, o estado mais violento é o Pará, com 2,6 ocorrências por 100 mil habitantes, seguido de Goiás, Amapá, Amazonas e Sergipe.
O Rio de Janeiro registrou o maior número de mortes de policiais civis e militares em 2016 (437), com um aumento de 17,5%. O estado também é o segundo com maior número de mortes cometidas pela polícia, atrás do Amapá.
No total, 4.224 pessoas morreram durante ações policiais, um aumento de 25,8% em relação à 2015. Entre as vítimas, 81,8% tinham idade entre 12 e 29 anos e 76,2% eram negros.
O número de armas apreendidas no país diminuiu 12,6%, chegando a 112.708. Entre 2015 e 2016, 1.066.674 veículos foram roubados ou furtados no país, uma média de uma ocorrência por minuto.
Uma mulher morta a cada duas horas
Outro dado que chama a atenção no anuário é o grande número de pessoas desaparecidas. Entre 2007 e 2016, 639 mil registros de desaparecimentos foram feitos em todo o País, atingindo média de 8
pessoas por hora.
Os assassinatos de mulheres chegaram a 4.657, o que significa, em média, que uma mulher é morta a cada duas horas. Entretanto, apenas 533 casos foram registrados como feminicídio. Os estupros aumentaram 3,5%, chegando a 49.497 registros em 2016.
Segundo o levantamento, 40% das escolas brasileiras não possuem policiamento adequado, e 70% dos professores presenciaram agressões físicas ou verbais entre os alunos.
Apesar do aumento da violência, os gastos dos governos com a segurança pública foram 2,6% menores em 2016 (81 milhões de reais). No governo federal, a redução foi de 10,3%.