Troca de farpas entre ministro da Justiça, Pezão e autoridades do RJ mostra que o Brasil está sem controle

Definitivamente o Brasil transformou-se em uma enorme e controversa barafunda, todos mandam mesmo sem ter razão. Ministro da Justiça, o advogado Torquato Jardim acusou políticos e comandantes de batalhões da Polícia Militar do Rio de Janeiro de estarem associados ao crime organizado no Estado. “A milícia tomou conta do narcotráfico”, disse o titular da pasta.

Sem até então ter mostrado a que veio, Torquato Jardim sugeriu com sua declaração que o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando pezão (PMDB), e o secretário estadual de Segurança, Roberto Sá, não conseguem controlar a PM fluminense.

“Todo mundo sabe que o comando da PM no Rio é acertado com deputado estadual e o crime organizado”, disse ele, em conversa com jornalistas, sem citar nomes de possíveis envolvidos. “Comandantes de batalhão são sócios do crime organizado no Rio”, emendou.

Para o ministro, o assassinato do tenente-coronel Luiz Gustavo Lima Teixeira, na última quinta-feira (26), foi uma retaliação. Comandante do 3° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e 111º policial morto no Estado em 2017, Teixeira, de 48 anos, foi executado a tiros no Méier, na Zona Norte da capital.

“Nada me tira da cabeça de que aquilo foi um acerto de contas”, afirmou Torquato Jardim, para quem “ninguém assalta dando dezenas de tiros para cima de um coronel à paisana, num carro descaracterizado. O motorista era um sargento da confiança dele.”


Torquato é um estabanado que vive no ostracismo político e por isso resolveu falar sobre o que aparentemente desconhece. No momento do crime, o tenente-coronel usava farda da PM, sendo que apenas o cabo Nei Filho, que dirigia o carro do oficial, estava à paisana.

Supõe-se que uma autoridade que faz tal acusação no mínimo está municiada de informações sigilosas e graves, decorrentes de longa investigação. Mesmo assim, declarações como a de Torquato Jardim não coadunam com a boa investigação. Se de fato o que foi dito é verdade, o governo federal deveria instar Luiz Fernando pezão abrir o devido procedimento legal, pois uma denúncia grave não pode ser vociferada como discurso de boteco.

Ademais, o presidente Michel Temer, mesmo em fase de recuperação de cirurgia na próstata, deveria ter chamado o ministro da Justiça para as devidas explicações, correndo o risco de ter de demitir o auxiliar. Até porque, o Brasil precisa de pessoas parcimoniosas, não de incendiários. De igual modo deveria ter agido o governo do Rio de Janeiro, que chamando às falas o secretário de Segurança Pública e a cúpula da PM fluminense.

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